A
primeira carta de João
Título:
1 João
Autor:
João
Data e Ocasião:
85-95 d.C.
Tema:
A Verdade Cristológica e a Conduta
Cristã
Propósito:
Defender a cristologia (a fé em Jesus
Cristo tal como Ele é - verdadeiro homem e verdadeiro Deus) da heresia gnóstica
(cristologia deturpada que negava total ou parcialmente as naturezas de Cristo)
e, a moral (a conduta própria do cristão) da anomia dos gnósticos (que afirmava
ser impossível às ações humanas prejudicar o relacionamento com o divino).
Estrutura:
I. Prefácio (1.1-4)
II. A Vida na Luz (1.5-2.29)
III. Viver como filhos de Deus, defendendo a fé cristã e as naturezas de Cristo
(3.1-5.13)
IV. Conclusão: A Confiança do Cristão (5.14-21)
Expressão doutrinária que
sintentiza o fato de a Pessoa de Jesus Cristo ser plenamente divina e humana.
Quando aceitamos a
Cristo como nosso Salvador, nos tornamos filhos de Deus e passamos a usufruir a
vida eterna pela graça dEle (Jo 5.24).
Todos os que têm
essa confiança, reconhecem a Jesus como seu Senhor e Salvador, amam a Deus,
obedecem aos seus mandamentos e não vivem a pecar de forma consciente e
voluntária (Gl 2.20). Estas são algumas das facetas da vida cristã, abordadas
na primeira carta de João (1 Jo 5.13). Todo cristão, ao ler esta carta, se
sente amado por Deus e seguro pela obra da eterna redenção consumada por Jesus
Cristo (2 Co 5.17).
ENTENDENDO A CARTA DE JOÃO, O APÓSTOLO
Diferente das
epístolas escritas pelo apóstolo Paulo, a primeira carta de João não começa nem
termina com saudações. Ela também se distingue pelo conteúdo, enriquecido pelas
experiências espirituais do autor (1 Jo 1.1-4). Não poderia ser diferente, uma
vez que foram três anos de ininterrupta convivência e aprendizagem ministerial
com o Mestre. Isto a torna um dos livros da Bíblia mais instrutivos e
edificantes para o cristão.
CONHECENDO O AUTOR DA CARTA
João,
filho de Zebedeu. É o mesmo que escreveu o
Evangelho que leva o seu nome (Jo 20.20; comparar 1 Jo 1.1; 5.7 com Jo 1.1), a
epístola que vamos estudar neste trimestre e o livro de Apocalipse. Dentre os
discípulos de Jesus, foi o mais íntimo (Jo 20.2; 21.20). Algumas peculiaridades
comprovam este fato:
a) João compartilhou dos momentos mais difíceis
de Jesus (Mc 14.33,34);
b) Foi o único dos discípulos que permaneceu,
até ao fim, ao pé da cruz (Jo 19.25,26);
c) Três dias após o sepultamento do Mestre ele
foi ao sepulcro em busca do corpo do seu amigo Jesus, que já não estava lá
(20.2).
Por tudo isso, mais
tarde, entende-se porque Paulo o considera como uma das colunas da igreja (Gl
2.9).
1. Um autor com uma característica singular. João
consegue demonstrar em suas cartas que foi transformado pelo amor de Deus, o
Pai (Jo 3.16), e de seu Filho, Jesus Cristo (Jo 15.13). O apóstolo reconhece no
amor do Eterno pela humanidade a essência da vida cristã e do autêntico
cristianismo. É isso que se espera ver no comportamento de todos os que foram
alcançados pelo evangelho de Cristo Jesus (2 Jo 5,6).
A verdade de Deus
deve ser dita sem rodeios, entretanto, é preciso fazê-lo com amor (Ef 4.15).
Esta é outra característica singular de João, ele apresenta verdades
incontestáveis e doutrinárias, mas sempre dosadas com amor. Motivado por este
atributo de Deus, João mostra o resultado dos que desobedecem às Santas
Escrituras (1 Jo 1.10; 2.11,28; 3.14b). Elas são como uma lâmpada através da
qual o cristão enxerga e entende para onde está caminhando (Sl 119.105).
Contudo, não basta ler e entender a Bíblia Sagrada, é necessário ser membro do
Corpo de Cristo, a sua Igreja (Mt 16.18), e submeter-se ao seu pastor local
para cuidar do seu crescimento e aperfeiçoamento espirituais (Ef 4.11-13).
A transformação
radical experimentada por João e a quantidade de seus textos dedicada ao tema
“amor” demonstram que esta é a principal virtude do cristão.
III. O
PROPÓSITO DA CARTA DE JOÃO
Os escritos de João
têm como propósito apresentar o Senhor Jesus Cristo como a manifestação do amor
de Deus. Outro objetivo é fazer os irmãos saberem, com certeza, que os que
crêem no nome do Filho de Deus, têm a vida eterna (1 Jo 5.13; Jo 1.12). Naqueles
dias surgiram na grande cidade de Éfeso e região, área sobre a qual o apóstolo
exercia seu ministério pastoral, muitos enganadores que, através de falsas
doutrinas, intentavam induzir os crentes ao erro, razão pela qual João escreveu
as três cartas (1 Jo 2.19,26; 3.2; 2 Jo v.7). Surgiram "anticristos"
(1 Jo 2.18), mentirosos (2.22), e falsos profetas (4.1), contudo, João expôs a
hipocrisia de todos esses e confirmou a fé dos autênticos crentes.
1. Erro concernente a Cristo. João acusa os hereges de
afirmarem “ter” o Pai, mas negar o Filho (2.22-24). Eles ensinavam que Jesus
era apenas um homem, filho natural de José e Maria. Em outras palavras, eles
não criam em Cristo como o Deus encarnado. Não reconhecer a encarnação de
Cristo é negar as profecias do Antigo Testamento e a mensagem do seu
cumprimento em o Novo (Is 7.14; 9.6; Jo 1.1,14). Ao dizer que Jesus é o Cristo
prometido, João está afirmando que Ele é o Deus encarnado cujo sacrifício
resgatou-nos da maldição do pecado. Não considerar esse fato é negar a expiação
por Cristo, o Filho de Deus (Is 53.4-10; Jo 4.25,26; 6.69; Mc 15.39).
Inclusive, o apóstolo afirmou que a negação deste fato era uma das formas de
identificar os “falsos espíritos” (1 Jo 4.3).
2. Auto-engano moral. Os princípios de comportamento e
doutrina desses hereges eram totalmente enganosos, pois ensinavam que o corpo é
apenas o invólucro do espírito, de maneira que seu comportamento não compromete
o aspecto espiritual, ou seja, nada do que a pessoa faz através do corpo pode
prejudicar o espírito. O apóstolo previne os cristãos contra este erro e ensina
que quem comete pecado é do Diabo, porque o Adversário peca desde o princípio.
Entretanto, ele também ensina que o Filho de Deus se manifestou para desfazer
as obras do Diabo (3.8,9).
Ainda hoje há
pessoas que se enganam com a falsa premissa de que Deus quer apenas o coração.
Não só o apóstolo João, mas Paulo também lutou contra uma falsa doutrina
semelhante. Ele nos adverte: o corpo é o templo do Espírito (1 Co 6.19; cf 1 Co
3.16), e seremos julgados por tudo o que fizermos por meio do corpo, bem ou mal
(2 Co 5.10). A Bíblia adverte ainda que, para a vinda do Senhor, devemos manter
irrepreensíveis espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23).
Jesus com ênfase
alertou uma mulher pecadora trazida à sua presença e um paralítico curado sobre
“não pecar mais” (Jo 8.11; 5.14), demonstrando-nos que espera um santo viver de
quem o aceita como Salvador. O apóstolo João destaca muito bem no capítulo 1,
versículos 7 a 10 de sua primeira epístola, a correta atitude do crente em
relação ao pecado. O crente não é impecável, mas ele pode triunfar e vencer o
pecado, por Nosso Senhor Jesus Cristo (1 Jo 1.7,9; Rm 8.2; 6.12-14). “Meus
filhinhos estas coisas vos escrevo, para que não pequeis: e se alguém pecar,
temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 Jo 2.1).
3. A auto-exaltação espiritual. Esses heréticos a que se refere
João se apresentavam como os homens mais entendidos nos mistérios de Deus e
tentavam desviar os irmãos efésios das verdades divinas, com falsas revelações
extraordinárias e antibíblicas (4.1-3). Como ocorreu no passado, nos dias
atuais o espírito maligno do engano continua agindo através dos que se
auto-intitulam concessionários de novas verdades doutrinárias, como se a Bíblia
não contivesse tudo que o homem necessita para obter a sua salvação e viver uma
vida plena em Cristo Jesus (Rm 5.20). Nestes seus últimos dias na terra, a
Igreja deve estar atenta a esta investida satânica de falsas doutrinas (1 Tm
4.1,2; 2 Co 11.13-15; 2 Tm 3.1-5). Ela deve andar embasada somente na verdade
que é a Palavra de Deus - as Sagradas Escrituras.O mais eficaz dos métodos de
prevenção contra os falsos ensinos é uma sólida instrução bíblica em relação à
Pessoa de Jesus Cristo e ao nosso comportamento como cristãos.
A visão panorâmica
da presente lição realça a importância desta carta do apóstolo João que, como
toda a Bíblia, é sempre atual. Ela vem ao encontro das necessidades da Igreja
de todas as épocas, principalmente a do presente momento, que vem sendo atacada
pela oferta de coisas terrenas, cujos valores são ilusórios e passageiros se
comparados às riquezas espirituais e eternas que já temos recebido de Deus por
meio de seu Filho. Cada cristão deve, além de estar em contato permanente com a
Palavra de Deus - condição básica para manter-se fiel até a volta de Cristo -,
permanecer na luz e cultivar o seu amor pelos irmãos.
"Teologia
dos Escritos Joaninos"A teologia joanina, em essência, é
cristológica. A pessoa de Jesus Cristo está no centro de tudo que o apóstolo
escreve. Quer no Evangelho de João, com sua ênfase única na Palavra de vida em
meio à controvérsia do cisma da Igreja, quer em Apocalipse, com suas visões
doCristo exaltado (Ap 1.12-16) e de seu triunfo final, o principal objetivo do
apóstolo é explicar a seus leitores quem Jesus é. Inevitavelmente, a tentativa
de discutir a teologia dos escritos joaninos dividindo-os entre as categorias
tradicionais da teologia sistemática (por exemplo, antropologia, soteriologia,
pneumatologia, escatologia) gera algumas distorções, pois João não organizou
seu material de acordo com essas linhas. Ao contrário, ele tinha um foco
central, Jesus Cristo. Muito do que João escreveu a respeito de Jesus, em
especial, no Evangelho e nas três epístolas, foi temperado por anos de reflexão
e experiência cristã, mas Cristo está sempre no centro. Todavia, isso não quer
dizer que João não fala nada sobre antropologia, soteriologia, pneumatologia ou
escatologia. Isso só quer dizer que tudo que ele diz sobre esses tópicos e
outros está quase sempre relacionado à sua ênfase cristológica" (HARRIS W.
H. In ZUCK, R. B. (Ed.)Teologia do Novo
Testamento. RJ: CPAD, 2008, p.187).
As
expressões utilizadas por João no trato com as suas ovelhas - “Filhinhos” -,
podem oferecer uma falsa impressão sobre esse homem, que foi considerado por
Paulo como uma das colunas da Igreja (Gl 2.9). É possível que alguém o ache
fleumático “por natureza” e, assim, pense que era fácil ser “amoroso”. Não
obstante, não se pode perder de vista o fato indiscutível de que este mesmo
homem, que é carinhosamente tratado pelos cristãos de “apóstolo do amor”, já
foi chamado pelo próprio Senhor Jesus Cristo, juntamente com seu irmão Tiago,
de “Filhos do Trovão” (Mc 3.17). No episódio narrado pelo evangelista Lucas, em
que o Senhor e os seus discípulos estavam de viagem para Jerusalém, o caminho
alternativo para encurtar a rota levava-os a passar justamente por Samaria (Lc
9.51-56). Devido à animosidade que havia entre os samaritanos e judeus, os
discípulos que precederam o Senhor não foram recebidos. A reação dos “Filhos do
Trovão” foi não somente intempestiva e arbitrária, como odiosa e vingativa:
“Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias
também fez?” (Lc 9.54). Esse comportamento não se parece em nada com o João
amoroso das epístolas. éa mesma pessoa, entretanto, há uma diferença: aquele
era o João carnal, querendo fazer justiça com as próprias mãos, e o das
epístolas é o homem que nasceu de novo e foi transformado pelo Senhor Jesus
Cristo.
Jesus, o Filho eterno de Deus
Expressões
Parentais aplicadas ao Senhor Jesus
1) Filho
2) Unigênito
3) Primogênito
Identificação demonstrativa de que Ele é
"igual a Deus" (Jo 5.18)
"Natureza, caracter e tipo" e
"relacionamento exclusivo" (Jo 1.14)
"Primeiro em categoria" (Cl 1.15-19)
Filho
Eterno de Deus: Expressão doutrinária que
demostra o relacionamento eterno de Jesus com Deus, bem como a sua divindade.
Nesta lição, alguns
aspectos doutrinários a respeito da divindade e da eternidade de Jesus Cristo
serão destacados. O esclarecimento desse assunto foi importante para os nossos
irmãos do primeiro século e consiste em doutrina relevante para os dias atuais.
Seu conhecimento reforça a convicção do futuro da Igreja, pois é através de
Jesus que fomos salvos e nos tornamos participantes da vida eterna.
I. O PROPÓSITO DO AUTOR
DA EPÍSTOLA
João inicia sua
primeira epístola tratando de sua responsabilidade em solidificar a convicção
de seus leitores a respeito da eternidade de Jesus Cristo, o Filho de Deus. A
Igreja, naquela época, sofria o ataque direto dos gnósticos que, em síntese,
pregavam que Jesus era mais um dos salvadores do ser humano, e que Ele apenas
tinha algo divino em seu ser. Eles ainda ensinavam que, pelo fato de Jesus ter
nascido neste mundo de corrupção, seria impossível Ele ser Deus perfeitamente
e, portanto, eterno. Paulo já havia prevenido a igreja em Colossos contra essa
heresia (Cl 2.9; 1.19).
João é enfático ao
afirmar que o eterno Filho de Deus, nosso Salvador, veio a este mundo através
do nascimento (1 Jo 5.6; 4.1,2). Ele tornou-se humano, mas sem pecado e sem
abrir mão da sua divindade (Mt 28.19), do seu poder (Mt 9.6), de sua
onisciência (Mt 9.4) e do seu atributo de ser eterno (Rm 9.5).Jesus tornou-se
humano, mas sem pecado e sem abrir mão da sua divindade, do seu poder, de sua
onisciência e do seu atributo de ser eterno.
II. A VIDA ETERNA
MANIFESTA EM CRISTO
João discorre sobre
a eternidade de Jesus, reafirmando sua deidade e a vida eterna que Ele concede
aos que lhe pertencem. Ele foi testemunha dos ensinos de Cristo (1 Jo 1.1-4),
teve comunhão pessoal com Jesus e, por isso, possui idoneidade suficiente para
expressar-se sobre a vida plena e atemporal do Filho de Deus. O apóstolo do
amor refere-se à vida de Cristo na eternidade, antes da criação dos
"mundos" e de todas as coisas que neles existem, incluindo o homem
(Jo 1.1-4,14; cf. Hb 11.3). Entretanto, é bom lembrar que, uma vez que todos
somos feituras de suas mãos, Jesus transcende toda e qualquer consideração de
tempo que alguém tente fazer a seu respeito. Ele está acima da vida física e
espiritual (Cl 1.16).
As palavras de João
- "no princípio era o verbo" -, no início de seu Evangelho,
referem-se a Cristo, que é a Palavra de Deus manifesta (Jo 1.1). Elas conduzem
o leitor ao momento da criação, para que se certifique de que o Verbo divino
não é somente distinto do que foi criado, mas o próprio Criador (Jo 1.3; Gn
1.1-31).
João, ao dizer em
sua primeira epístola, "O que era desde o princípio" (1.1), refere-se
a Jesus Cristo que é desde o princípio (Jo 1.1; Gn 1.1; 1 Jo 2.7,13,14,24;
3.11). Em continuidade, ele diz: "o que vimos com os nossos olhos, o que
temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida" (1 Jo
1.1). Essa expressão reafirma que Jesus, o Deus Filho, veio em carne (Lc
2.10-12) e que nesta condição habitou entre nós; não só revelando o Pai (Jo
1.18; 14.9) e o seu amor, mas também oferecendo a sua vida (Jo 19.30) como
única condição de salvar a todos quantos crêem em seu nome (Jo 1.12; Hb
9.26-28).
1. O que vimos com os nossos olhos (1.1). João
demonstra ter sido atencioso em todos os momentos em que esteve com Jesus. Ao
dizer: "o que temos visto com os nossos olhos, o que temos
contemplado", João dá ênfase ao fato de os discípulos terem convivido com
Jesus fisicamente - experiência que o apóstolo Paulo não teve (no caminho de
Damasco, quando Cristo lhe falou em meio a um resplendor de luz, Ele já havia
retornado ao céu (At 9.3-6). Aqui João está afirmando que Jesus tinha um corpo
físico tal qual profetizou Isaías (Is 53.3-7) e Davi (Sl 22.14,17). Para os
apóstolos de Jesus, foi um privilégio; para nós, que não o vimos, mas cremos, é
uma bem-aventurança (Jo 20.29).
2. O que ouvimos (1.3). João e os demais apóstolos presenciaram
tudo o que Jesus realizou enquanto estiveram com Ele, porque foram convocados
pelo Senhor, justamente a fim de que o vissem e ouvissem e depois
testificassem, para o engrandecimento do Reino de Deus (Mt 28.18-20).
3. O que temos contemplado e as nossas mãos tocaram (1.1). O
apóstolo investe a sua atenção ao usar todos os seus recursos para certificar
seus leitores da presença física do Senhor entre os onze. Aqui pode estar
incluído o momento em que Jesus apareceu-lhes no cenáculo onde estavam reunidos,
e convidou-os a tocá-lo e constatarem que, se Ele fosse apenas um espírito, não
teria carne nem ossos. Para consolidar suas convicções, pediu-lhes o que comer
e, recebendo, comeu (Lc 24.36-43; cf Jo 20.20-24).Por ser eterno e estar acima
da vida física e espiritual, Jesus transcende toda e qualquer consideração de
tempo que alguém tente fazer a seu respeito.
III. CRISTO
- A VIDA SE MANIFESTOU
Visto que no Verbo
está a vida, Ele "se fez carne e habitou entre nós", a fim de
oferecer a vida eterna ao homem (Jo 1.14; 3.16). Quando João escreve que o
Verbo se fez carne, está dizendo que Deus planejou e tornou realidade a
encarnação do seu Eterno Filho para que, na condição de homem, vivesse entre
nós (Is 7.14; Mt 1.23). Nessa forma, ao sacrificar-se, Jesus oferece a vida
eterna aos que o aceitam como seu salvador (Jo 3.16), os quais, por isso,
tornam-se participantes da natureza divina (Jo 15.4,5). João anuncia estas
verdades chamando a atenção da Igreja para as obrigações concernentes ao que
está recebendo, pois, ao tomar conhecimento de doutrinas tão essenciais para a
vida cristã, nos tornamos responsáveis diante de Deus pela aceitação e
observância destas (Jo 5.39; Lc 12.48).
Ao recebermos a
vida eterna, tornarmo-nos não somente participantes da natureza divina, mas
também responsáveis pela observância das doutrinas essenciais da vida cristã.
IV. JESUS
ETERNO E ATUANTE DESDE O PRINCÍPIO
1. No Antigo Testamento. Jesus sempre esteve presente e
ativo antes e depois da sua vinda a este mundo como homem. Por Ele, todas as
coisas foram criadas (Gn 1.26; Cl 1.16.17; Rm 11.36). O Antigo Testamento
relata algumas de suas aparições, em forma humana, antes mesmo da encarnação. A
Abrão, Ele apareceu acompanhado de dois anjos nos carvalhais de Manre e ainda
se alimentou (Gn 18.1-8); no vau de Jaboque mudou o nome de Jacó para Israel
(Gn 32.22-30) manifestou-se a Josué antes da destruição de Jericó (Js 5.13-15),
e apareceu aos pais de Sansão (Jz 13.2-22).
2. No Novo Testamento, após sua morte redentora. A
caminho de Damasco, Paulo teve a maior e melhor de todas as suas experiências
com o Senhor Jesus, momento em que foi salvo e incumbido de levar o Evangelho
ao mundo inteiro (At 9.1-8).
Quando o próprio
João esteve em grande dificuldade na ilha de Patmos, o Senhor Jesus lhe
apareceu para confortá-lo e lhe confiou revelações que, além de edificar-lhe,
ofereceram sustentação doutrinária à Igreja do Senhor (Ap 1.17-22.21). A
variedade de registros a respeito da ressurreição de Cristo realizada pelos
escritores do Novo Testamento é a mais evidente prova de que o Senhor Jesus
está e permanecerá vivo eternamente.As aparições de Jesus antes de sua
encarnação, o fato de Ele ter participado da criação de todas as coisas, bem
como a variedade de registros a respeito de sua ressurreição pelos escritores
do NT, indicam que Ele vive eternamente.
O nascimento de
Jesus, seu ministério, morte, sepultamento, ressurreição e ascensão, são as
expressões máximas de sua perfeita humanidade e divindade. Sua onipresença em
toda a história, sua indispensável estada, na forma humana, por um breve
período no universo dos homens, e a direção da sua Igreja, são a prova de que
Ele está conosco (Mt 28.20). Bem aventurados os que crêem assim.
Subsídio
Teológico"Jesus teve, no seu nascimento, duas naturezas
distintas. Pela concepção sobrenatural de Maria, Jesus herdou do seu Pai, pela
operação do Espírito Santo (cf. Lc 1.35), a natureza divina com todas as suas
características. De Maria, Ele recebeu a natureza humana. As suas naturezas
divina e humana se uniram na constituição de sua pessoa de modo perfeito. As
duas naturezas não se misturam, isto é, Jesus não ficou com a sua divindade
'humanizada' ou com a sua natureza humana 'divinizada'. Em Caná, quando Jesus transformou
a água em vinho, a água deixou de ser água e passou a ser integralmente vinho
(cf. Jo 2.8-10). Quando, porém, Jesus se fez homem, continuou sendo Deus
verdadeiro, mesmo estando sob a forma de homem verdadeiro.
As duas naturezas
operavam assim simultânea e separadamente na sua pessoa. Jamais houve conflito
entre as duas naturezas, porque Jesus, como homem, seja nas suas determinações
ou autoconsciência, sempre conforme a direção do Espírito Santo, sujeitava-se à
vontade de Deus, de acordo com a sua natureza divina (cf. Jo 4.34; 5.30; 6.38;
Sl 40.8; Mt 26.39).Assim Jesus possuía duas naturezas em uma só personalidade,
as quais operavam de modo harmonioso e perfeito, em uma união indissolúvel e
eterna". (BERGSTÉN, E. Teologia
Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.66,67).
O
fato de Jesus ter se tornado humano, deixado a sua glória junto ao Pai, descido
à terra e aqui vivido como um comum mortal é a maior prova de amor que possa
existir. Lamentavelmente, essa mensagem tem desaparecido de muitos púlpitos. O
evangelho pragmático tem tomado conta dos livros, hinos, mensagens e muitos
outros meios, os quais deveriam ser usados para a glória e a honra do Senhor. O
sacrifício redentor foi reduzido e rebaixado à categoria de balcão de empregos,
sistema de saúde, consultório psicológico e tem sido confundido até mesmo com
uma espécie de "jogo de azar", ao qual as pessoas recorrem para
enriquecer com facilidade e sem nenhum esforço. Nós, que temos consciência da
importância e do valor que esse gesto de amor possui, devemos agradecer ao
Eterno Deus e proclamá-lo aos que estão à nossa volta. Enquanto o Evangelho é
loucura para os gregos, cujos deuses "evoluíam" da condição humana
para a divina, o nosso Cristo deixou a sua glória e fez o caminho inverso:
continuou sendo Deus, mas também se tornou homem, experimentando a morte. Tudo
para nos salvar! Se esta mensagem divina é loucura para os que perecem, para
nós, é o poder de Deus, pois seu teor, conteúdo e aceitação, salvou-nos a vida
da perdição eterna.
Jesus, a luz do
crente
.
Expressões
Parentais aplicadas ao Senhor Jesus
LUZ
TREVAS
Deus
2 Co 4.6; 1 Jo 1.5; Ap 22.5
Jesus
Mt 4.16; Jo 1.4-9; 3.19; 8.12; 12.46,35,36
Cristão
Mt 5.14; 2 Co 6.14; Ef 5.8; 1 Ts 5.5
Pecado
Mt 4.16; 6.23; Jo 12.46; Rm 13.12
Satanás
2 Co 11.14
Demônios
Lc 22.53; Ef 6.12
Luz: Claridade,
luminosidade.
Com o propósito de
manifestar Cristo como a luz divina e, seus seguidores como dependentes desta
claridade, o apóstolo João fala do Filho de Deus como "Luz do mundo"
(Jo 1.9; 8.12; 9.5), e chama os seus servos de "filhos da luz" (Jo
12.36). Isto significa que os cristãos compartilham da natureza divina, tão
logo se tornam filhos do Altíssimo (Jo 1.12,13).
I. JESUS, O FILHO DE DEUS
João apresenta o
Mestre como o homem perfeito, mas também divino. Ele é realista ao afirmar que
Jesus tem um corpo físico, ou seja, é plenamente humano (Jo 19.38-40; 20.25-27)
e, ao mesmo tempo, divino (Jo 20.28-31). Assim, contrariando os gnósticos (1 Jo
4.1-3; 2 Jo v. 7), João enfatiza que negar que Cristo veio em carne também é
negar que Jesus é o Filho de Deus.
1. Jesus, o Filho de Deus. A Bíblia revela que Jesus é o
Filho de Deus, através do qual temos: comunhão com o Pai (Jo 14.6), purificação
de todo o pecado (1.7-9) e defesa diante do Senhor (2.1). João estava
plenamente convicto do que Isaías profetizara concernente ao Messias (Is 9.6),
do que Deus dissera (Lc 3.21,22) e do que o próprio Cristo também afirmara de
si mesmo enquanto exercia o seu ministério (Jo 8.36) no Getsêmani (Lc 22.42),
perante o sinédrio (Mc 14.61,62) e até mesmo na cruz (Lc 23.46).
2. Os pilares da doutrina cristã proclamados por João. O
apóstolo João defende que devemos crer no nome de Jesus como Filho de Deus (1
Jo 3.23), aceitar que Ele veio a este mundo em carne para nos salvar (4.2), e
que esta é a única condição de termos comunhão com Ele (4.15; 5.1).Devemos crer
em Jesus como Filho de Deus e aceitá-lo tal como veio a este mundo: Homem sem
deixar de ser Deus.
II. JESUS É A LUZ
João, inspirado
pelo Espírito Santo, teve a missão de levar à Igreja a mensagem doutrinária
sobre quem é Jesus Cristo. E, como já vimos, ele o faz destacando o fato de ter
convivido com o Mestre (Jo 21.24; 1 Jo 5.20). O apóstolo Pedro também dá
idêntico testemunho (2 Pe 1.16-18), e todos sabemos que, segundo a lei, o
testemunho de dois homens é verdadeiro (Jo 8.17).
1. Deus é luz. A luz é uma das mais perfeitas
figuras para exprimir a santidade, perfeição,justiça e sabedoria de Deus (2 Co
4.6). Isto é perceptível em toda a Bíblia. O apóstolo do amor afirma: "E
esta é a mensagem que dele ouvimos e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há
nele treva nenhuma" (1 Jo 1.5). No último livro do Antigo Testamento,
Malaquias profetiza o nascer do sol da justiça, referindo-se ao Senhor Jesus
por ocasião da sua segunda vinda (Ml 4.2). Isaías profetizou sobre essa luz,
que é Cristo (Is 9.1,2); Mateus registrou o seu cumprimento (Mt 4.12-16); e
Simeão o aguardava (Lc 2.28-35).
2. Jesus, a luz do mundo. Cristo, no início do seu ministério,
habitou em Cafarnaum, na Galiléia, e ali iluminou diversas vidas (Mt 4.12-16).
Muitas pessoas, alcançadas neste período, continuaram firmes e tornaram-se
testemunhas do Senhor mediante o Espírito Santo (At 1.8). Jesus manifestou-se
publicamente, declarando: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará
em trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8.12). Sua mensagem adverte que o
homem só terá a vida eterna se aceitar a Cristo e viver segundo a sua Palavra,
nosso manual de regra de fé e prática de vida (Jo 5.24).A luz é uma das mais
perfeitas figuras que expressam a santidade, perfeição, justiça e sabedoria de
Deus.
III. AS
TREVAS OPÕEM-SE À LUZ
As trevas
representam o nível de degradação espiritual e moral em que o mundo e o homem
sem Deus se encontram. Elas se caracterizam pelo estado e pelas ações
pecaminosas do homem, resultantes da transgressão de Adão para com Deus (Gn
3.6).
1. A origem das trevas do pecado. Trevas é um dos nomes do pecado
(Jo 3.19; At 26.18), e tiveram sua origem na rebelião de Satanás contra Deus e
no pecado de Adão e Eva contra o seu Criador e Senhor. A partir da Queda, a
maldade, a corrupção, a depravação, o sofrimento, os vícios e a morte foram
introduzidos no mundo (Rm 5.12). E foi para dissipar este estado de densas trevas
que Deus enviou o seu Filho (Mt 4.16; Jo 3.16,17). Assim como a tragédia
ocorrida no Éden afetou toda a humanidade, através do sacrifício de Jesus
Cristo, todos aqueles que o aceitam como o seu Salvador são redimidos (Rm
5.17-21).
2. Outros usos da expressão trevas. Algumas vezes, dependendo do
contexto, a Bíblia emprega este termo para referir-se a uma estrutura complexa
de seres, composta por anjos malignos e seres humanos a serviço do mal e
regidos pelo Diabo, que é o seu príncipe (Jo 14.30; 16.11; Ef 6.12; Jd v.6). Os
homens não regenerados também são chamados de trevas (Ef 5.8), bem como os
espíritos malignos (6.11,12). Em sua ignorância ou resistência à Palavra de
Deus, os homens sem Deus estão indo de mal a pior e, caso não se convertam a
Cristo, seu fim será o lago de fogo reservado para o Diabo e seus anjos (Mt
25.41).As trevas representam o nível de degradação espiritual e moral em que o
mundo e o homem sem Deus se encontram.
IV. VIVENDO
COMO FILHOS DA LUZ
Andar na luz (1 Jo
1.7) significa viver uma vida de santidade diante do Senhor, da Igreja e do
mundo; viver uma vida de permanente separação de atitudes, atos e condutas
pecaminosas. Esse modo de vida tem início quando o homem aceita a Cristo e sua
Palavra e rejeita, cônscia e espontaneamente, toda a prática que fere os
mandamentos do Senhor. Colocando essa decisão em prática, demonstramos que
somos "luz no Senhor" (Ef 5.8).
1. Filhos da luz. Contrastando o estado dos
efésios, antes da conversão, o apóstolo dos gentios os qualifica agora como
"luz no Senhor" (Ef 5.8). Por sua vez, a Bíblia denomina os servos de
Deus como filhos da luz, pelo fato de termos o privilégio de ser participantes
da sua natureza divina, da imagem moral de Cristo. Uma vez que, através de
Cristo Jesus, somos filhos de Deus, nosso viver em bondade, pureza e retidão
deve refletir o caráter de Deus (Mt 5.48). Por isso, não somos apenas um
brilho, mas pessoas comprometidas com a exaltação do nome de Deus por meio da
nossa conduta em meio a uma sociedade corrompida (Fp 2.15).
2. A luz está intimamente ligada à vida. Do cristão se
espera uma vida de alegria, segurança e irrepreensível em todas as esferas e em
toda e qualquer circunstância (2 Rs 4.9; Jr 17.7,8; Ec 9.8). Tal pessoa
tornou-se membro da família de Deus (Ef 2.19; Lc 8.21) e participante da
plenitude do Senhor e de suas bênçãos (Ef 3.19; 1.3). Além disso, agora
compartilha da natureza de Cristo, e suas atitudes expressam retidão (Mt 5.48),
bondade (Lc 10.25-37) e justiça (Rm 6.18-22). Enquanto os homens pecadores evitam
a luz (Jo 3.19,20), Jesus ordena aos salvos a manifestarem a sua luz para que o
Pai seja glorificado por meio de suas vidas (Mt 5.14-16).Pelo fato de sermos
filhos da luz, somos participantes da natureza divina e temos a imagem moral de
Cristo.
Jesus é a Luz do
mundo, por Ele fomos feitos filhos da Luz. É o seu desejo que nossa luz
resplandeça no meio de uma geração alienada de Deus, incrédula, mundana e
perdida, para que o povo veja nossas boas obras, converta-se e glorifique ao
nosso Pai que está nos céus.
"Imagem de luz e trevas nas cartas joaninas.A
polarização entre luz e trevas encontrada no Evangelho de João é transportada
para suas epístolas e para o livro de Apocalipse. Em 1 João 2.8 encontramos
nuanças escatológicas na imagem luz/trevas: '[...] vão passando as trevas, e já
a verdadeira luz alumia' (cf. Rm 13.12). Isso é consistente com a ênfase
joanina na vida eterna como uma experiência já disponível para os crentes,
embora a ser consumada no futuro. A luz do mundo continua a brilhar após o
retorno de Jesus para o Pai; as trevas não conseguem dominá-la. Contudo, na
presente era, as trevas não passam totalmente.
A afirmação: 'Deus
é luz' (1 Jo 1.5) é uma metáfora. Não obstante, no mesmo versículo aparece o
tema do contraste das trevas em oposição à luz: 'Não há nele treva nenhuma. A
natureza absoluta da polarização também é indicada: para João, a luz e as
trevas são mutuamente excludentes e não podem coexistir. Nada que tenha alguma
coisa que ver com trevas pode ter alguma coisa que ver com Deus. Assim, no
versículo seguinte (1.6), por implicação, a pessoa que afirma ter comunhão com
o Senhor e, contudo, caminha nas trevas não tem nenhum relacionamento com Deus,
independentemente doque ela afirme".(ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. RJ:
CPAD, 2008, p.228).
Estar
na luz é a condição que dá ao crente a possibilidade de avaliar sua conduta
diante de Deus. Buscar esconder-se nas trevas é uma ilusão, pois o próprio
senso comum sabe que escuridão é apenas a ausência da luz. Na realidade, as
trevas não existem por si mesmas. Elas só se alojam onde não há claridade. Como
cristãos, devemos procurar a presença do Senhor Jesus. É ela que expõe a
verdade sobre nós mesmos. A luz que emana do Senhor revela-nos a situação em
que nos encontramos. Talvez nossa auto-imagem não corresponda à imagem real que
conhecemos diante da presença de Deus. Sobretudo, mesmo na vida biológica, a
luz é uma condição para a nossa existência, o que não é diferente em nossa vida
espiritual. Aproximemo-nos do Senhor e deixemos que a sua glória revele nosso
real estado. Mesmo não sendo o que esperávamos ver, será benéfico para tomarmos
a decisão de estar mais próximos dEle. Esta salutar atitude fará com que não
nos desviemos e nos manterá firmes até a sua Vinda.
Jesus, o Redentor e Perdoador
Propiciação: Satisfação
da justiça divina através do sacrifício de Jesus Cristo.
O Senhor
providenciou um meio de se relacionar com os pecadores: Jesus Cristo, que
justifica a todos os que aceitam seu sacrifício (Rm 3.26). É impossível pensar
num cristianismo sem a cruz, sem o sacrifício vicário de Jesus, sem a quitação
da dívida humana com Deus através de seu Filho. Nesta lição, veremos mais uma
vez o que o Senhor realizou pela humanidade (Jo 3.16). Veremos ainda que a
autêntica liberdade consiste em vencer o pecado atravésdo sacrifício de Nosso
Senhor Jesus Cristo (Jo 8.36), e por meio do Espírito Santo que em nós habita
(Rm 8.2-9).
I. A REALIDADE DO PECADO
Os escritores da
Bíblia estavam cientes da realidade do pecado e da força que ele exerce sobre o
homem. Paulo colocou de forma clara e didática esta luta diária do cristão
contra o pecado, quando escreveu aos gálatas (Gl 5.16-21). Embora salvos,
nascidos de novo, participantes da natureza divina, estamos no mundo e num
corpo humano rendido ao pecado (Rm 6.6). Como filhos de Deus, queremos fazer
sua vontade; como humanos, podemos falhar neste propósito (Rm 7.14-25).
1. A responsabilidade humana. O livre-arbítrio não nos foi
dado por Deus para escolhermos o mal, mas o bem. Compartilhando suas
experiências, Paulo, pela graça de Deus teve uma vida moral exemplar e foi fiel
ao Senhor até o fim (2 Co 6.4-10; 2 Tm 4.6-8). O nosso alvo é a perfeição (Ef
4.13). Manter-se fiel a Cristo até o fim deve ser a decisão de todos os que
experimentaram o novo nascimento, mediante o qual tornaram-se participantes da
natureza divina, passando a gozar da comunhão com Deus (1 Jo 1.7). É o que se
espera de quem se converteu a Cristo e que deixou de ser escravo do pecado,
tornando-se servo do Senhor Jesus (Rm 6.1-23).
2. O ideal cristão (2.1). João adverte-nos contra os
males do pecado, com a expressão: "não pequeis" (2.1). Assim devemos
todos conduzir-nos fiéis ao Senhor e às Santas Escrituras, determinados a não
pecar (1 Jo 2.1a). Por isso João alerta os irmãos a não pecarem, mostrando-lhes
que evitar a transgressão deve ser o propósito de todo crente (Rm 8.13; Gl
5.16,17).
3. E se pecarmos? Embora o nascido de novo tenha
recebido uma nova natureza que aspira à santidade e repele o pecado, está
sujeito a dar lugar à carne, isto é, à natureza velha, da qual surge o desejo
pecaminoso (Rm 7.5; Gl 5.17-21). O apóstolo do amor fala da possibilidade de
pecarmos quando diz, mas "se alguém pecar" (2.1). Todo o crente é
passível de pecar, bastando para isso, não vigiar e negligenciar o hábito de
orar (1 Ts 5.17; Lc 22.39,40; ver também 1 Jo 1.8,10; Ec 7.20).Embora o nascido
de novo tenha recebido uma nova natureza que aspira à santidade e repele o
pecado, está sujeito a dar lugar à carne, isto é, à natureza velha, da qual
surge o desejo pecaminoso.
II. O PERDÃO AO NOSSO
ALCANCE
Quem pecar deve
buscar imediatamente a Cristo Jesus que se compadece das nossas fraquezas e
aceita-nos no trono da graça, desde que estejamos arrependidos e dispostos a
confessar nossos pecados (1 Jo 1.9).
1. "Temos um Advogado" (2.1). Ninguém que
se diz seguidor de Cristo e da sua Palavra vive contando com o perdão
antecipadamente e mantendo uma conduta de vida pecaminosa (Rm 6.1,2).
Entretanto, todo crente que, pecando, arrepender-se de seus pecados de coração,
tem um Advogado junto a Deus que é fiel, justo e o conhece completamente -
Jesus Cristo, Filho de Deus (1 Jo 1.9; 2.2). O crente que por fraqueza, falta
de vigilância e desobediência, cometeu algum pecado, não pode e nem deve
duvidar do amor de Deus e do poder restaurador do Evangelho por meio de Jesus
Cristo (Pv 28.13; Rm 1.16).
2. Porque Jesus pode perdoar. A santidade de Deus requer uma
punição para o pecado. Mas Cristo, amorosa e voluntariamente, sofreu em nosso
lugar, tomando sobre si a pena do pecado. Assim, toda exigência da lei divina
quanto ao culpado, foi satisfeita plenamente na cruz quando Ele efetuou a nossa
redenção pelo seu sangue (Ef 1.7). Por esse ato de amor, obtivemos o perdão dos
pecados; assim, fomos salvos da perdição eterna (Gl 3.13,14).O crente que por
fraqueza, falta de vigilância e desobediência, cometeu algum pecado, não pode e
nem deve duvidar do amor de Deuse do poder restaurador do Evangelho por meio de
Jesus Cristo.
III. A
SATISFAÇÃO DA JUSTIÇA DIVINA
O apóstolo do amor
afirma que Jesus, além de Advogado, é também a "propiciação" pelos
nossos pecados (1 Jo 2.2; 4.10). Propiciar é satisfazer a lei divina violada
pelo transgressor. Jesus, como a nossa propiciação, cumpriu a pena do pecado em
nosso lugar e abriu o caminho para a nossa justificação (Rm 3.24,25; 5.1).
1. Como e por que Cristo se tornou propiciação? Propiciação
era uma palavra utilizada para identificar o sacrifício vicário e expiador com
derramamento de sangue, aplacando a ira da divindade (Hb 10.10,14; Lv 6.24,25;
7.2). Como o Cordeiro escolhido por Deus desde a fundação do mundo para morrer
em nosso lugar (Ap 13.8), Jesus se fez oferta sacrifical por nós (Ef 5.2b).
Isto realça o propósito do Senhor para garantir o nosso perdão.
2. A abrangência da propiciação. Da mesma maneira, como o pecado
abrange o universo (Rm 8.19-23), somente Deus pode alcançar todos os homens de
todas as gerações, culturas e circunstâncias (Jo 3.16). O sacrifício de Jesus
foi único e por todos, indistintamente (1 Jo 2.2).Propiciar é satisfazer a lei
divina violada pelo transgressor. Jesus, como nossa propiciação, cumpriu a pena
do pecado em nosso lugar e abriu o caminho para a nossa justificação.
IIV. LIVRES
DO PECADO
A reconciliação com
Deus e o fato de sermos participantes de sua natureza, só foi possível por sua
misericórdia em enviar o seu Filho para morrer em nosso lugar. Tendo em vista
esta verdade, como deve o crente honrar a Deus e serlhe sempre grato pela
grandiosa dádiva da salvação?
1. Guardando os mandamentos. O apóstolo do amor afirma que
guardar os mandamentos de Deus é uma demonstração de que estamos nEle e
igualmente Ele em nós (1 Jo 2.3,4; 3.24; 5.3; 2 Jo v.6). Essa é uma verdade
muito bem relembrada na vida do povo de Deus (Js 1.7,8; Sl 1.1-3; 119.141,166).
Para João, guardar os mandamentos não significa escondê-los em algum lugar da
memória, mas, sim, vivê-los e fazer com que façam parte do nosso cotidiano, até
que chegue o dia em que se possa dizer: "vivo, não mais eu, mas Cristo
vive em mim" (Gl 2.20).
2. Vivenciando a Palavra. João, o apóstolo do amor, de
modo enfático e claro, afirma que quem alega que conhece a Deus, e não guarda
(coloca em prática) os mandamentos do Senhor, é mentiroso. Quem diz que conhece
a Deus, deve deixar claro, no seu viver e no seu agir, que guarda os seus
mandamentos e anda de acordo com eles. Pois é nisto mesmo que certificamo-nos
de que estamos nEle (1 Jo 2.5).Guardar os mandamentos deDeus é uma demonstração
de que estamos nEle e igualmente Ele, em nós.
Cristo morreu pelos
nossos pecados, para salvar-nos, santificar-nos e fazer-nos agradáveis a Deus.
Não obstante, enquanto estivermos no mundo, estamos sujeitos a pecar. Se isso
acontecer, temos um Advogado, perante o Pai e a sua santa lei. Daí, nosso
propósito amoroso deve ser o de viver para agradá-lo. Isto é, uma vida pautada
pelo querer de Deus, segundo os mandamentos divinos para um santo viver (1 Pe
1.16).
"É no
propiciatório que o Deus justo e o ser humano pecador se encontram como amigos
e mantêm mútua e plena comunhão, porque o sangue ali salpicado solucionou tudo
para sempre. Tendo a justiça de Deus representada pelo conteúdo da arca, e a
misericórdia de Deus representada pelo sangue aspergido no propiciatório, Deus
pode ser perfeitamente glorificado, e o pecador pode ser perfeitamente
salvo!". Abraão de Almeida
"Propiciação.No AT, o propiciatório era o lugar
onde o Deus santo encontrava-se com os homens pecadores; ali o sangue era
aspergido. No NT, a cruz tornouse o lugar onde Deus irá encontrar o homem
através do sangue de Cristo. Dessa forma, João pôde dizer que Cristo é a
propiciação, a expiação pelos pecados dos crentes e também pelos pecados dos
não crentes (1 Jo 2.2). A doutrina da propiciação ensina claramente que a morte
de Cristo na cruz representava uma substituição por causa do pecado. Sua morte
satisfazia as justas exigências de Deus Pai, provocadas pelo pecado do homem.
Como resultado dessa propiciação, Deus ficou satisfeito e o relacionamento do
mundo todo com Ele foi alterado. O sacrifício da propiciação de Cristo foi a
base para a reconciliação do mundo com o próprio Deus (2 Co 5.19). A
reconciliação estava ligada ao fato do mundo ter mudado a relação a Deus
através da morte de Cristo. A propiciação está relacionada com a reparação
apresentada a Deus como resultado da morte de Cristo. Deus foi ofendido pelo
pecado do homem, e é Ele quem precisa ser satisfeito através do pagamento por
esse pecado".(PFEIFFER, C. F., REA, J., VOS, H. F. Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ:
CPAD, 2006, p.1612).
O
propiciatório era uma peça feita de ouro, que representava o trono de Deus (Is
6.1). Era um trono de misericórdia, pois a palavra propiciatório significa
"onde Deus nos é propício", "nos é favorável". O
propiciatório era guardado pelos querubins, símbolo do poder de Deus. Nos
querubins resplandecia o fogo da glória de Deus, fazendo sombra sobre o
propiciatório. Ora, se os querubins faziam sombra sobre o Propiciatório é
porque estava sobre eles o Shekinah, ou fogo terrível, fogo de Deus, que neles
resplandecia. Depois de haver engrandecido e honrado a lei de Moisés em sua
vida terrena, Jesus, ao morrer como justo em lugar do culpado, tornou-se a
propiciação ou propiciatório para todo aquele que crê.
É
no propiciatório que o Deus justo e o ser humano pecador se encontram como
amigos e mantêm mútua e plena comunhão, porque o sangue ali salpicado
solucionou tudo para sempre. Tendo a justiça de Deus representada pelo conteúdo
da arca, e a misericórdia de Deus representada pelo sangue aspergido no
propiciatório, Deus pode ser perfeitamente glorificado, e o pecador pode ser
perfeitamente salvo!
(ALMEIDA, A. de, O Tabernáculo e a Igreja. RJ:
CPAD, pp.59,60).
A força do
amor cristão
ATRIBUTOS
DO AMOR
NATURAIS
1. Voluntariedade; 2. Liberdade; 3.
Inteligência;
MORAIS
4. Virtude; 5. Desinteresse; 6.
Imparcialidade;
7. Universalidade; 8. Eficiência; 9. Satisfação;
10. Oposição ao pecado; 11. Compaixão pelos miseráveis;
12. Misericórdia; 13. Justiça; 14. Veracidade;
15. Paciência; 16. Mansidão; 17. Humildade;
18. Abnegação; 19. Condescendência;
20. Estabilidade; 21. Santidade.
Amor: Sentimento
e dedicação voluntários e desinteressados.
Não é sem razão que
João é carinhosamente chamado de "apóstolo do amor". O tema - em seus
vários aspectos - é o assunto central de sua primeira epístola (2.15;
3.1,16,17; 4.7-10,12,16-18; 5.3). Assim como no texto bíblico, ele aparecerá em
nosso estudo várias vezes, pois não se pode falar de cristianismo, de vida
cristã, sem falar de amor. A abordagem do assunto em várias ocasiões dá a idéia
de sua importância e, ao mesmo tempo, da obrigatoriedade de sua prática.
I. O MANDAMENTO ATEMPORAL
Em seus
ensinamentos, Jesus Cristo enfatizou reiteradas vezes a importância do fundamento
da obediência e a razão principal de sua prática: o amor (Mt 22.37,39; Jo
13.34; 15.12). João focaliza o amor entre os irmãos, relembrando o ensino do
Mestre, que disse aos seus seguidores que seriam conhecidos como "seus
discípulos" pelo amor com que se amavam (Jo 13.35). Além disso, o
ensinamento bíblico é claro quando afirma que, havendo cessado os dons
espirituais, o amor ainda adentrará os portais da eternidade (1 Co 13.8).
1. Mandamento "antigo" e "novo". Neste
texto, o apóstolo João chama os nascidos de novo à obediência do mandamento de
amar; porque, ao praticá-lo, o cristão cumpre a lei (Mt 22.34-40; Rm 13.8-10;
Tg 2.8). Ele nos fala de algo, aparentemente contraditório, que é o
"antigo" e o "novo" mandamento. Na realidade, os dois
adjetivos se referem ao mesmo mandamento que é o de amar. Como servimos ao Deus
imutável, que nos manda amar tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Lv
19.18; Mq 6.8; Mc 12.33), e que inspirou Paulo a escrever que o "amor
nunca passará" (1 Co 13.8), é plenamente claro que o amor é atemporal, ou
seja, independente do tempo.
2. Em que sentido o mandamento de amar é antigo e novo. Apesar
de a epístola de João ser universal, ela foi produzida dentro de uma realidade
local, ou seja, para uma comunidade de fé, para uma igreja. Considerando a
época em que foi escrita e o momento em que o grupo cristão a recebeu, é
possível entender que João se referia a um assunto basilar aprendido no início
da fé, quando de sua conversão (cf. 1 Jo 3.11). Neste sentido ele não é novo,
mas antigo. Por outro lado, João destaca o ensino de Jesus Cristo que disse:
"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos
amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis" (Jo 13.34). A idéia
não é que cada um deve amar do jeito que puder, pois o padrão de amor é o mesmo
do Meigo Nazareno (1 Jo 3.16). Em contraposição à postura que supervalorizava o
exterior, os cristãos não devem ser conhecidos pela observação cega e legalista
de regras, mas pela vivência do amor em seus diversos relacionamentos. Em outro
sentido, não devemos esquecer que, como um organismo vivo, a igreja recebe
novos membros constantemente, e tal mandamento para os novos convertidos
torna-se então novo.
3. O Senhor Jesus é o nosso exemplo de amor. O
objetivo de cada cristão é ser como Cristo (Ef 4.13). No quesito amor, Ele nos
deixou o exemplo de um amor incondicional ao comer com pecadores e publicanos
(Mt 9.10,11; Mc 2.16). Declarou que há festa no céu quando um pecador se
arrepende (Lc 15.7,10), demonstrando o valor que atribui a cada ser humano. Era
sobre este amor que João pensava quando disse que devemos amar uns aos outros
(Jo 13.34; 15.12,17), dando uma nova roupagem aos mandamentos das leis do
Antigo Testamento (Lv 19.18; Dt 6.5). Na verdade, o mandamento "amarás o
teu próximo" recebeu um significado todo especial a partir do ensinamento
de Cristo sobre quem é o próximo (Lc 10.29-37). Para o Mestre, judeus,
publicanos, gentios ou qualquer outro estranho, têm o mesmo valor (Cl 3.11).O
fundamento da obediência e a razão principal de sua prática é o amor.
II. O CONTRASTE
ENTRE LUZ E TREVAS
Mesmo tendo
abordado o assunto anteriormente em uma única lição, a exemplo do que ocorre
com o amor, João utiliza mais de uma vez o contraste entre "luz e
trevas", de maneira completa ou implícita (1.5,7; 2.8-10).
1. Os filhos da luz. O contraste entre luz e trevas
é uma figura muito usada no Novo Testamento para exemplificar a diferença entre
o mundo e o Reino de Deus. Os nascidos de novo vieram das trevas para a luz (Jo
8.12), e são, eles mesmos, considerados luz (Mt 5.14). Fazendo alusão a esta
mesma figura de linguagem, João explica que, uma vez salvos das trevas, se
quisermos permanecer na luz, devemos amar uns aos outros assim como Cristo nos
amou. Na realidade, a comunhão com os irmãos é a prova de que estamos na luz.
2. Evitando o ódio e mantendo-se na luz. As Escrituras
deixam claro que é impossível alguém odiar seu irmão e andar na luz. Aliás, o
simples fato de alguém confessar Cristo como seu Salvador e aborrecer
("odiar" na ARA) os seus irmãos, demonstra que esta pessoa está em
trevas, isto é, não tem a Cristo (vv. 9,11). Quando João fala de ódio,
transmite a idéia de algo habitual, que caracteriza um estilo de vida, um
estado no qual a pessoa vive. Esse estado pode resultar em homicídio (3.11-15;
4.20,21).
3. Em relação ao pecado, os princípios da graça são mais profundos que as
exigências da lei. Jesus exemplificou este ensinamento de
diversas formas em seu conhecido "Sermão do Monte" (Mt 5.17-48). A
lei condena o homicídio; a graça se antecipa ao expor a força motriz do
homicídio - o ódio. É seguindo esta linha de pensamento que João afirma ser
homicida qualquer que aborrece ao seu irmão (1 Jo 3.15). Assim, pelos padrões
cristãos, não é necessário chegar a matar para ser considerado um homicida. O
ódio faz parte da galeria dos pecados que levam o homem à morte espiritual
(5.16). Contra este pecado, ou a fim de preveni-lo, só há um remédio: o amor.
Por outro lado, aquele que ama a seu irmão, permanece na luz e nele não há
tropeço (v.10). Se quisermos permanecer na luz, devemos amar uns aos outros
assim como Cristo nos amou.Contra o pecado do ódio, ou a fim de preveni-lo, só
há um remédio: o amor.
III. A
DEMONSTRAÇÃO COMUNITÁRIA DO AMOR
João deixa claro
que o amor precisa ser materializado através de ações que o demonstrem
(vv.16-18). Isso aponta para a necessidade de a igreja ser conclamada a exercer
o amor cristão. Fala também, como já vimos, nos tópicos anteriores, da
importância de enfatizar o mandamento do amor.
1. O primeiro motivo para demonstrarmos o amor. A
mensagem desta carta também nos edifica pelo fato de nos lembrar quem somos em
contraste com o nosso estado anterior (vv.14,16). A vida do crente em Jesus
necessita ser nutrida por devida gratidão a Deus pela obra substitutiva de
Cristo na cruz. Esta obra vicária não só garante o perdão, como limpa o homem
de toda a iniquidade (Is 53.5,6,11; Rm 4.7). A falta desse reconhecimento
torna-nos incrédulos, mesmo que venhamos a dizer que somos piedosos (Rm 1.21; 2
Tm 3.1-5).
2. O desenvolvimento progressivo do amor. Conforme já
foi dito, quando João estabelece um tempo específico, devemos levar em conta
que a expressão "desde o princípio" se refere ao começo de suas vidas
espirituais (3.11). À medida que o homem recebe a luz do evangelho, as trevas
vão sendo dissipadas, e ele passa a amar aos seus irmãos. Com o passar do tempo
e sendo constantemente exercitado, tal amor tende a ser cada vez mais intenso e
visível (Rm 12.9,10; 13.8,10; Fp 1.9).
3. A necessidade do ensino sobre o amor cristão. O
apóstolo, ao mesmo tempo em que fundamenta seu ensino na instrução que os
irmãos já haviam recebido, aponta para a responsabilidade com que os primeiros
crentes conduziram o discipulado da Igreja Primitiva, formando discípulos
embasados em valores éticos e bíblicos, dos quais o amor é a mola mestra
(3.14).Sendo constantemente exercitado, o amor tende a ser cada vez mais
intenso e visível.
Os que pregam e
ensinam precisam motivar a igreja a buscar esses valores e se aperfeiçoar em
todos os aspectos (Cl 3.12-17). Foi nesta perspectiva que o Senhor Jesus
iniciou a formação dos seus discípulos (Mt 5.43-48), e assim devemos viver.
"Passo agora a destacar os atributos daquele amor que se constitui obediência
à lei de Deus.Esse amor, portanto, não sóconsiste num estado de
consagração a Deus e ao universo, mas também implica emoções profundas de amor
a Deus e aos homens. Ainda que seja um fenômeno da vontade, ele implica a
existência de todos aqueles sentimentos de amor e afeição a Deus e aos homens
que necessariamente resultam da consagração do coração ou da vontade ao máximo
bem-estar deles. Também implica todo aquele curso visível de vida que
necessariamente flui de um estado de vontade consagrada a esse fim. Tenha-se em
mente que se esses sentimentos não brotam da sensibilidade e se esse curso de
vida não existe, ali não existe o verdadeiro amor ou consagração voluntária a
Deus e ao universo requerido pela lei. Aqueles brotam desta por uma lei de necessidade.
Aqueles, ou seja, sentimentos e emoções de amor, e uma vida exterior correta,
podem existir sem esse amor voluntário, conforme terei ocasião de mostrar no
devido momento; mas esse amor não pode existir sem aqueles, uma vez que brotam
dele por uma lei da necessidade. Essas emoções variam em força, de acordo com
as variações de constituição e das circunstâncias, mas precisam existir em
algum grau perceptível, desde que a vontade esteja numa atitude
benevolente". (FINNEY, C. Teologia
Sistemática. RJ: CPAD, 2001, p.195).
Quando
olhamos para a primeira epístola de João e vemos o teste que ele apresenta para
comprovar o amor cristão na vida do salvo - "Conhecemos o amor nisto: que
ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos" (3.16)
-, pensamos ser esta avaliação um pouco exagerada. Contudo, recorrendo aos
escritos paulinos, encontramos sua recomendação aos crentes de Éfeso:
"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como
também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício
a Deus, em cheiro suave" (Ef 5.1,2). Como nós, meros mortais, podemos
imitar o Imortal e Supremo? Como o finito e efêmero pode imitar o Infinito e
Eterno? Tanto o apóstolo do amor quanto o dos gentios, não está insinuando que
existe a mínima possibilidade de o ser humano igualar-se a Deus. O que se
entende, e é ponto pacífico em ambos os textos, é o inegável fato de que, após
entregar-se novamente aos cuidados do Eterno, o ser humano tem possibilidade de
desfrutar de um dos atributos comunicáveis de Deus. Exercer o amor cristão é
uma das formas mais eficazes de pregar o evangelho. Jesus disse em João 13.35
que seus discípulos seriam conhecidos pelo amor entre eles. Apesar da questão
temporal, esta palavra é estendível a cada um de nós, discípulos do Mestre, no
tempo presente, pois o teste joanino continua em vigor.
O sistema de viver
do mundo
CRISTIANISMO
MUNDO NÃO
CRISTÃO
Um só Deus, Criador e Senhor
Não há Deus
Verdades Absolutas
Verdades Relativas
Fundamentos Bíblicos
Fundamentos Mundanos
Deus é o centro
O homem é o centro
Fazer a vontade de Deus
Hedonismo
Amor altruísta
Egoísmo
Mundo
(kosmos): Sistema constituído de pessoas, idéias, leis,
instituições, comportamentos e atividades conduzidos por Satanás.
O "sistema do
mundo", conforme denominado pela Bíblia, além de manipular, subjugar e
manter os seres humanos sob o domínio de Satanás, também objetiva desviar, por
todos os meios, os crentes dos caminhos do Senhor. A Igreja jamais pode
minimizar, ou ignorar, as ardilosas tramas deste sistema. Ela precisa, sim,
posicionar-se contra ele, a fim de prosseguir vitoriosamente em Cristo Jesus (1
Jo 5.4,5).
I. O QUE É O MUNDO?
A palavra
"mundo", conforme expressa na Leitura Bíblia em Classe, não diz
respeito aos campos, mares, escarpas, acidentes geográficos e nem à ordem geral
da criação. Este "mundo" designa a maneira de viver organizada,
conduzida por Satanás e caracterizada pela indiferença, rejeição e oposição a
Deus, à sua Palavra e ao seu Reino. Trata-se de um sistema constituído de
pessoas, idéias, leis, instituições, comportamentos e atividades. Ler Jo 3.19;
Tg 4.4; 1.27; 2 Co 4.4.
No princípio, Deus
criou o mundo perfeito e bom (Gn 1.31). Todavia, lá no Éden, Satanás, em forma
de serpente, induziu Eva a desejar ser igual a Deus (Gn 2.15-17; 3.1-6; 2 Co
11.3; 1 Tm 2.14). Foi a partir desta infeliz circunstância que todos os
descendentes de Adão tornaram-se internamente portadores de uma natureza
pecaminosa, e externamente opositores de Deus (Rm 5.12; Tg 1.14,15).
Com a contaminação
do pecado, "o cosmos" (1 Jo 5.19) tornou-se um sistema maligno (Ef
2.2; Gl 1.4; 2 Co 4.4), controlado por Satanás, o príncipe deste mundo (Mt 4.8;
Jo 14.30; 16.11; 2 Tm 2.26; 1 Jo 5.19). Ele exerce autoridade sobre grande
parte das atividades típicas deste mundo e chefia um sistema invisível de
maldade e destruição, no qual anjos malignos e homens ao seu serviço fazem
direta oposição a Deus (At 8.4), à sua Palavra e ao seu povo (1 Pe 1.18,19; At
26.18). Isto pode ser claramente visto na mentalidade mundana dos nossos dias,
expressa pelas idéias, opiniões, posicionamentos, leis, objetivos e metas do
povo, dos governos, das nações e até mesmo de "certas igrejas"
semelhantes à Laodicéia (Ap 3.14-18). Ler 2 Co 4.4; 2 Tm 3.1-5.
1. Os atrativos do mundo (v.16). Quando o cristão se deixa
enganar pelas propostas desse mundo espiritualmente tenebroso, torna-se escravo
de um sistema maligno que rouba, mata e destrói (Jo 10.10). Sua única saída é
retornar imediatamente ao seio do Pai, por Jesus Cristo, nosso libertador (Jo
8.36). Foi o que aconteceu com o filho pródigo: desprezando o amor do pai e a
vida abençoada no lar, resolveu bandear-se para o mundo, a fim de desfrutar de
seus prazeres. Todavia, após perder toda a sua herança, abandonado e miserável,
decidiu regressar a sua família. Retornando ao aconchego do lar, foi
festivamente recebido pelo pai, que lhe restituiu tudo o que, no mundo, havia
perdido (Lc 15.11-32). Todo crente fiel a Cristo deve evitar tal experiência (1
Jo 2.15). Ananias e Safira não tiveram a mesma sorte: amando o dinheiro e o
engano, mentiram ao Espírito Santo e foram punidos com a morte (At 5.1-11).
2. O mundo sob a ótica de Deus. A Bíblia adverte-nos a não
amarmos o mundo, uma vez que ele é dominado pelas trevas (Ef 6.12) e "jaz
no maligno" (1 Jo 5.19; Jo 14.30). O mundo, ou seja, as pessoas são alvos
do amor de Deus. Nesta perspectiva, temos a responsabilidade de resgatar do
mundo todos os que vivem sem Deus, sem luz e sem salvação. "Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o Seu Filho" (Jo 3.16). Em sua oração
sacerdotal, Jesus rogou ao Pai que não nos tirasse do mundo, mas que nos
livrasse do mal. Ele, na verdade, queria que, pelo evangelho, alcançássemos a
humanidade perdida neste cosmos (Jo 17.15,18). Deus não tem prazer na
condenação do homem. O Senhor tem manifestado seu infinito amor desde que o
primeiro homem lhe desobedeceu (Gn 3.15,21; Ez.18.4; 1 Tm 2.4). Todavia, este
mundo não escapará da condenação eterna, caso não se arrependa de seus pecados,
especialmente da incredulidade. É por isso que o apóstolo João registrou em seu
evangelho: "a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que
a luz" (Jo 3.19).
Com a contaminação
do pecado, "o cosmos" tornou-se um sistema maligno, controlado por
Satanás, o príncipe deste mundo. Ele exerce autoridade sobre grande parte das
atividades típicas deste mundo, e chefia um sistema invisível de maldade e
destruição, no qual anjos malignos e homens ao seu serviço fazem direta
oposição a Deus.
II. COMO O CRISTÃO
DEVE VIVER NESTE MUNDO
A expressão
"não ameis o mundo nem o que no mundo há" (v.15) não é uma sugestão
ou conselho, mas uma ordenança severa da Palavra de Deus. Toda desobediência
tem suas consequências. Imagine o que aconteceria se, diante de um semáforo
assinalando vermelho para os pedrestes, resolvêssemos atravessar uma avenida de
grande fluxo. Provavelmente, sofreríamos uma terrível e traumática
consequência. Consideremos, pois, este exemplo na perspectiva de nossa salvação
eterna (Hb 2.1-3).
1. Os elementos do mundo (v.16). A Palavra de Deus nos alerta
contra a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da
vida.
a)
A concupiscência da carne engloba desejos impuros, vícios e prazeres sensuais. A
Bíblia exortanosa fugir de toda e qualquer impureza (1 Co 6.18). O corpo não é
mau em si mesmo, mas é uma presa fácil para o pecado. Por isso, devemos vigiar
e orar sem cessar. O crente deve estar ciente de que ele é templo do Espírito
Santo (1 Co 3.16; 6.19) e, portanto, deve viver uma vida piedosa e consagrada a
Deus. Seu corpo deve ser um sacrifício vivo, santo e agradável ao Senhor (Rm
12.1,2).
Os vícios podem ser
considerados concupiscência da carne. Ninguém que se deixa vencer por eles
herdará o Reino dos céus (Gl 5.21, Ef 5.3-5).
b)
Pela concupiscência dos olhos, o homem se torna cativo daquilo que ele vê.Para
que isto não aconteça, é preciso que o crente mantenha-se constantemente em
vigilância e oração (Mt 26.36). Foi por essa via que Eva desobedeceu (Gn 3.6).
O mesmo se deu com Acã: "vendo" entre os despojos dos inimigos do
povo de Deus uma capa babilônica, desejou-a, trouxe-a para si e morreu com toda
sua família (Js 7.20-26). Davi também foi atraído pela concupiscência dos
olhos. Olhando com lascívia, deu lugar ao pecado, arruinando sua fidelidade a
Deus (2 Sm 11.2). A Palavra de Deus exorta-nos a não nos conformarmos com este
mundo, a fim de que possamos viver no centro da vontade do Eterno (Rm 12.1,2).
c)
A soberba da vida. Desde o princípio, Satanás
engana o ser humano com a falsa idéia de que é possível ser igual a Deus (Gn
3.5). Com isso, o homem tenta a todo custo viver à parte de seu Criador,
buscando sua própria exaltação, através de riquezas, "status",
títulos e posições, com o intuito de ser honrado por seus pares.
Muitos lutam
aferradamente pelo poder, pelo direito de exercer autoridade sobre seus
semelhantes, ou pelo simples deleite que isso possa lhe trazer. Ser visto e
admirado por todos é o objetivo máximo da vida de muitas pessoas. A Palavra de
Deus nos assevera que isto não vem de Deus, mas do mundo; deste sistema que
Satanás governa (1 Jo 2.16). Jesus nos ensinou qual deve ser o maior objetivo
da nossa vida: buscar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). Nesta busca
devemos investir todas as nossas energias.A expressão "não ameis o mundo
nem o que no mundo há" não é uma sugestão ou conselho, mas uma ordenança
severa da Palavra de Deus. Toda desobediência tem suas consequências.
O autêntico crente,
que pratica os princípios do cristianismo bíblico, não deve adequar-se ao
presente sistema mundano que engoda a humanidade e, se possível, até mesmo os
filhos de Deus. Fomos chamados a viver uma vida separada deste mundo, com
objetivos infinitamente mais nobres e que honram o nome do Altíssimo, que nos
chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).
Não amar o mundo.O apelo de João a seus leitores é
feito de forma negativa, mas o lado positivo precisa ser compreendido também.
Os cristãos não devem amar o mundo. Ao mesmo tempo, é preciso dizer que eles
devem amar a Deus e fazer sua vontade. De fato, é apenas à medida que o amor de
Deus os enche e o desejo de Deus os motiva, o mundo pode ser conquistado.
Quando João diz que os cristãos não devem
"amar o mundo ou nada que está no mundo", não está pensando tanto a
respeito do materialismo ("coisas"), mas nas atitudes que estão por
trás do materialismo. Pois ele sabe, como todos nós deveríamos saber, que uma
pessoa sem os bens mundanos pode ser tão materialista como uma pessoa que
possui muitos desses bens; e, de igual modo, uma pessoa rica pode ser bastante
desapegada dessa e de qualquer outra forma de mundanismo. Na verdade, João está
pensando a respeito de ambição egoísta, do orgulho, do amor pelo sucesso ou o
luxo e de outras características parecidas. Law reconhece isso em sua excelente
paráfrase do apelo do apóstolo. Ele escreve 'não busque a intimidade e o favor
do mundo não-cristão que o cerca; não aceite seus costumes como sendo suas
leis, não adote ideais nem receba seus prêmios, muito menos busque
confraternizar-se com sua vida'"(BOICE, J. M. As Epístolas de João. RJ: CPAD, 2006, pp.73,74.).
Deus
quer usar a sua vida para proclamar sua Palavra ao mundo que jaz no maligno. Mas,
para que você seja usado pelo Senhor, precisa manter-se puro. É necessário
resistir aos impulsos diabólicos, que chegam a sua mente tentando destruí-lo.
"... Toda pessoa que diz que pertence ao Senhor precisa abandonar o
pecado" (2 Tm 2.19 NTLH). A falta de santidade conduz a inutilidade. Jesus
nos advertiu: "Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que
se há de salgar? Para nada mais presta senão para ser lançado fora..." (Mt
5.13).
De
acordo com Henry Blackaby, na sua obra Santidade, "Deus está chamando seu
povo para voltar para Ele e ser um caminho de santidade, por meio do qual Ele
possa alcançar o mundo perdido. Devemos construir nosso relacionamento com Deus
de tal forma que nossas vidas possam ser uma estrada, por meio da qual, Deus possa
alcançar o resto de nossa nação mediante um grande reavivamento entre o povo de
Deus e um grande despertamento espiritual nos corações daqueles que não
conhecem ao Senhor". O Senhor quer usá-lo neste mundo tenebroso.
A chegada do
Anticristo
O Anticristo
Sua aparição
Dn 9.27
Sua identidade
2 Ts 2.8; Dn 7.8
Suas atividades
Dn 9.20-27
Seu fim
Ap 19.19-21
Anticristo: Um
homem personificando o Diabo, porém, apresentando-se como se fosse Deus.
Ao falar sobre o
Anticristo e os anticristos, João não estava se referindo unicamente a um
assunto escatológico, isto é, ao que faz parte das últimas coisas e a algo que
pertence apenas aos últimos tempos. Ele estava também advertindo seus leitores
a respeito de um espírito que já ameaçava a igreja naquele período e que ainda
está em plena atuação. Um espírito que nega a divindade e o senhorio de Cristo
(1 Jo 4.3).
I. O ESPÍRITO DO
ANTICRISTO NO MUNDO
João deixa claro
que já é a última hora, ou seja, a vinda de Cristo se dará em breve (v.18).
Muitos são os sinais de que a volta de Jesus poderá ocorrer a qualquer momento.
Um dos sinais é a operação do Anticristo. De acordo com João, o espírito dEle
já está no mundo (1 Jo 4.3). Ele exercerá domínio sobre todas as nações. Daniel
fala a respeito do governo do Anticristo, mostrando que este será de grande
influência: " se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; e contra o
Deus dos deuses e falará coisas incríveis e será próspero" (Dn 11.36).
1. O terreno está sendo preparado. Atualmente observamos o
fortalecimento das grandes organizações geopolíticas e a unificação dos blocos
econômicos. Na verdade, trata-se de uma preparação para um único governo
mundial, pois, de acordo com a Palavra de Deus, o Anticristo assumirá grande
poder político (Dn 7.8), comercial e religioso (Dn 8.25; Ap 13.16,17). Segundo
as Escrituras, ele terá o controle da economia mundial (Ap 13.16,17).
2. Prodígios e sinais. O Anticristo fará muitos sinais
e prodígios, ou seja, obras sobrenaturais para que suas mentiras sejam
confirmadas: "A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo
poder, e sinais, e prodígios de mentira" (2 Ts 2.9). Ele usará destes
sinais mentirosos para se impor e atrair seguidores. Porém, só conseguirá
enganar aqueles que rejeitaram crer na verdade de Deus (2 Ts 2.10-12).
3. Sua aparição. Alguns pregadores e escritores,
diante de grandes acontecimentos históricos e personalidades importantes,
acabam afirmando que determinado líder político, ou religioso, é o Anticristo;
que tal evento marcou ou marcará a sua chegada e muitas outras colocações de
natureza duvidosa. Tenhamos cuidado com tais especulações, pois, apesar de seu
surgimento ocorrer antes do arrebatamento da Igreja - tendo alguns sinais
precedentes indicados no texto de 2 Tessalonicenses 2.1-12 - sua manifestação
pública como tal só ocorrerá após Jesus retirar o seu povo da Terra, e ele só
se revelará demonstrando toda sua oposição ao Senhor Deus, na metade da Grande
Tribulação (Dn 9.27).O espírito do Anticristo já está no mundo (1 Jo 4.3). Ele
exercerá domínio sobre todas as nações.
II. A PESSOA DO
ANTICRISTO
Em um mundo
influenciado pela mídia e inclinado à mitologia, é possível alguém pensar que o
Anticristo será um ser estranho, de chifres, com aquela aparência caricaturada
das representações demoníacas. Nada mais errado! Ele será uma pessoa influente
que atrairá até mesmo os "cautelosos" judeus (Dn 9.20-27; Mt
24.22-27).
1. Sua identidade. Ele será uma personificação do
Diabo, um líder mundial de habilidades e capacidades desconhecidas até o dia de
hoje, possuirá um carisma irresistível e uma oratória extremamente persuasiva.
É descrito também pelo apóstolo Paulo como o iníquo (2 Ts 2.8), pelo próprio
João, no Apocalipse, como a besta, e pelo profeta Daniel como um "príncipe
que há de vir" e o "chifre pequeno" (Dn 7.8; 9.26; Ap 13.2-10,18;
19.20).
2. Suas atividades. De acordo com as Escrituras, no
início, o Anticristo fará um pacto com Israel, restaurando a antiga prática de
sacrifícios no Templo em Jerusalém (Dn 9.20-27). Todavia, na metade deste
período, ele quebrará este acordo, tornar-se-á um governante mundial,
declarar-se-á Deus, proibirá a adoração ao Senhor e perseguirá terrivelmente
aqueles que desejarem ser fiéis a Cristo (2 Ts 2.4). Conforme as profecias
bíblicas, o filho da perdição realizará, por intermédio do poder satânico,
sinais e prodígios de mentira (2 Ts 2.7-10). Este período é chamado de Grande
Tribulação (Ap 7.14), um tempo de grande perseguição e oposição a tudo o que se
chama Deus (Ap 12.17; 13.15).
3. Seu fim. Apesar dos seus feitos e poder, o Anticristo
já possui um fim pré-determinado na Bíblia. Sua atividade se encerrará na
Batalha do Armagedon quando o Senhor Jesus vier com a sua Igreja. Naquela
ocasião, o Rei dos reis e Senhor dos senhores destruirá o Anticristo, seus
exércitos e todos os que o seguirem (Mt 24.30; Ap 19.19-21).
Apesar dos seus
feitos e poder, o Anticristo já possui um fim pré-determinado na Bíblia.
III. OS ANTICRISTOS NO
MUNDO
Diferentemente do
Anticristo que virá, muitos anticristos já naquele tempo haviam se manifestado
e ainda se manifestam (2 Jo 1.7). Além destes, existem ainda os falsos
profetas, homens enganadores que se fazem de cristãos para, se possível,
enganar a Igreja (2 Pe 2.1; 1 Jo 4.1). Este fato atesta a advertência do
apóstolo do amor quanto à realidade de que o "espírito do anticristo"
(4.3) já está atuante e em plena operação, delineando a plataforma para a sua
aparição e, ao mesmo tempo, guiando os pequenos anticristos. João apresenta
algumas características destes anticristos, as quais merecem ser estudadas.
1. Saíram do seio da igreja. Estes falsos mestres se haviam
infiltrado na comunidade cristã com o fim de mesclar-se entre os irmãos para
perverter a doutrina dos apóstolos. Pareciam cristãos, mas não o eram de fato.
Abandonaram a igreja talvez por terem falhado em seus propósitos de desviar o
povo. Esta foi a prova que desmascarou sua real intenção. Ainda hoje há muitos
que se dizem cristãos, mas na verdade não o são. Misturados no meio do povo de
Deus, são verdadeiros lobos em peles de ovelha. A Bíblia nos adverte várias
vezes contra estas pessoas (Mt 24.24; 1 Tm 4.1,2; 2 Pe 2.1; Jd 1-19). Cabe a
nós apercebermo-nos da existência destes falsos mestres em nosso meio.
2. Negavam a sã e principal doutrina cristã. Os
falsos mestres da época não admitiam que Cristo tivesse vindo em carne, negando
assim o próprio Deus, já que Ele mesmo deu testemunho de Jesus (1 Jo 5.9; Jo
5.32-38; 8.18). O Filho de Deus é a mensagem central de toda a Bíblia; o
apóstolo Paulo nos ensina que, em Cristo, todas as coisas serão congregadas (Ef
1.10) e que ao nome dEle todo joelho se dobrará, e toda língua confessará que
Ele é Senhor (Fp 2.10,11). Qualquer ensinamento que negue isso é maldito (1 Co
16.22; Gl 1.8,9). Assim, esses mestres negavam a Cristo, a sã doutrina e a
própria fé.
3. Queriam enganar os fiéis. A intenção dos falsos cristos e
falsos profetas é enganar (Mt 24.24; 1 Tm 4.1,2). E só não conseguiram seu
intento entre os leitores de João porque estes tinham o Espírito de Deus (v.20)
e sabiam a verdade (v. 21). Jesus, quando falou a respeito do Espírito que
enviaria, disse que Ele nos guiaria em toda a verdade (Jo 16.13), pois é
chamado de "Espírito da verdade". Ele nunca deixará que sejam
enganados aqueles que o têm em seus corações (1 Co 3.16; 6.19). Entretanto,
espera-se dos filhos de Deus que conheçam as Escrituras (Sl 1), porque são Elas
que nos fazem sábios (2 Tm 3.15). O salmista compara a Palavra a uma lâmpada
para os pés e a uma luz para o caminho (Sl 119.105). Ela é a nossa bússola que
não nos deixa errar o alvo (Fp 3.14). Nenhum falso mestre terá êxito em desviar
pessoas que conhecem a verdade. Pois estes cristãos, alicerçados na Palavra,
farão como os crentes em Beréia, que examinavam as Escrituras para confirmar se
a pregação de Paulo e Silas era biblicamente confiável (At 17.11).Nenhum falso
mestre terá êxito em desviar pessoas que conhecem a verdade.
CONCLUSÃO
O espírito do
Anticristo já está no mundo, usando homens enganadores na realização de falsos
milagres e manifestações, tentando iludir as igrejas. Se estas não estiverem
cultivando a presença do Espírito de Deus, poderão cair em seus laços. Por
isso, devemos estar alicerçados na Palavra de Deus, ocupando-se em meditar nEla
de dia e de noite, pois o que qualifica um verdadeiro mestre ou pregador como
homem de Deus são os seus frutos e obras (Mt 7.15-20), e não os supostos sinais
que fazem até mesmo usando o nome de Jesus (Mt 7.22,23).
A Besta ou
Anticristo será uma personagem de uma habilidade e capacidade desconhecidas até
hoje. Será o maior líder de toda a história; acima mesmo de qualquer famoso
general ou governante mundial conhecido. Será portador de uma personalidade
irresistível. Sua sabedoria e capacidade serão sobrenaturais, quando
consideramos seus atos à luz do relato bíblico. Além da ação diabólica direta,
outros fatores contribuirão decisivamente para a implantação do governo do
Anticristo, como poderio bélico, alta tecnologia e poder econômico.
Será um grande
demagogo. Influenciará decisivamente as massas com seus discursos inflamados
(Ap 13.5). A Bíblia diz que toda a terra se maravilhará após a Besta (Ap 13.3).
O Anticristo
surgirá da área do antigo Império Romano, porque em Daniel 9.26 está escrito
que o seu povo (isto é, o povo donde procede o Anticristo) destruíra a cidade
de Jerusalém, e esse povo foi o romano, como bem documenta a história. Talvez
ele seja nativo da Síria, porque Antíoco Epifânio, tipo futuro do Anticristo,
era da Síria. (Ver Miquéias 5.5 na Tradução Brasileira).(GILBERTO, A. O Calendário da Profecia. RJ:
CPAD, 2001, pp.48-50).
Paulo
escreveu que o Anticristo será destruído pela Palavra de Deus (2 Ts 2.7,8). No
Apocalipse, assim está narrado o seu fim: "E a besta foi presa e, com ela,
o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que
receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados
vivos no ardente lago de fogo e enxofre" (Ap 19.20).
O
Senhor Jesus mostrará a todos que o seu poder é irresistível. Ele é o Rei dos
reis e Senhor dos senhores.
"Senhor
Jesus, não nos deixes ser seduzidos pelo engano nem pelas mentiras do
adversário. Que possamos, nestes instantes que ainda nos restam, agir de
maneira santa e irrepreensível até que venhas buscar a tua Igreja".
Somente
uma igreja cheia do Espírito Santo poderá resistir ao espírito do Anticristo que
está em operação no mundo.
Claudionor
de Andrade
A nossa eterna
salvação
A SALVAÇÃO
PODE SER VISTA EM TRÊS TEMPOS
Passado
Presente
Futuro
a) No passado a salvação significou o
livramento da condenação do pecado;
b) No presente, a salvação significa
o livramento do poder do pecado;
c) No futuro, o salvação significará
o livramento da presença do pecado.
Salvação: Livramento
do que aceita a Cristo do poder e da maldição do pecado.
A salvação é o
resultado do grandioso propósito da Santíssima Trindade de resgatar a
humanidade perdida. Deus, o Pai, arquitetou a salvação; o Filho a consumou
quando veio ao mundo, morreu, ressuscitou, retornou aos céus; e o Espírito
Santo a aplica no pecador contrito que, pela fé, aceita a obra redentora de
Jesus efetuada no Calvário. A salvação não é primeiramente a prática de uma
religião, mas um relacionamento real e vital com o Senhor Jesus Cristo (Jo
15.1-8).
I. DEUS, O PROVEDOR DA
SALVAÇÃO
O apóstolo João,
com muita certeza e entusiasmo, destacou o grande amor de Deus por nós ao nos
tornar seus filhos, e, assim, participantes de uma tão grande salvação (3.1; Hb
2.3). Deus não somente concedeu-nos o perdão dos nossos pecados, mas manifestou
seu amor graciosamente; enchendo-nos a alma de paz, convicção e consolo. Por
sua imensa compaixão, substituiu nossa miséria, vazio e incertezas por júbilo,
amor e esperança (Ef 1.3-6; 1 Pe 1.18-20).
1. A salvação na eternidade passada. No Éden, quando o primeiro
casal pecou, imediatamente escondeu-se de Deus, pois o pecado afasta o homem de
seu Criador (Gn 3.8b). Todavia, Deus, por seu amor indizível, busca o pecador a
fim de restaurá-lo e livrá-lo da servidão do pecado (Gn 3.8,9,21).
Lá no Éden, o
Senhor proferiu uma sentença acerca da serpente dizendo que sua cabeça seria
esmagada. Esta foi a primeira promessa de redenção da humanidade (Gn 3.15). A
Bíblia nos garante que na eternidade, Deus em Cristo nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais e elegeu-nos, predestinando-nos para filhos de adoção (Ef
1.3-5). Assim, pela providência de Deus, hoje somos seus filhos, salvos e
herdeiros da coroa da vida (Ap 2.10; 2 Tm 4.7,8). Esse poder de filiação é tão
expressivo que nos tira da dimensão terrena para a celestial (Jo 1.12,13; Cl
3.1-3).
2. A salvação hoje. O apóstolo João, em sua
primeira epístola, usa a expressão "filhos de Deus" para identificar
os crentes como criancinhas, nascidas de novo (1 Jo 2.1,12,28). A referida
expressão está relacionada à comunhão e à convivência da criança com seus pais.
Através da regeneração, Deus colocou em nós uma nova natureza (Jo 3.5,6), sem a
qual não teríamos nos tornado novas criaturas (2 Co 5.17). Essa nova natureza,
oriunda de Deus, habilita-nos a um novo estilo de vida, que nos conduz à boa,
agradável e perfeita vontade de Deus. Esta divina natureza é completamente
estranha aos que não conhecem a Cristo. É por isso que o mundo nos aborrece (1
Co 2.15,16; 1 Pe 4.3,4).
O fato é que
estamos de passagem neste mundo. Aqui, somos estrangeiros e forasteiros (Hb
11.13; 1 Pe 2.11). Quando Cristo voltar, estaremos para sempre com Ele (Jr
31.3; Rm 5.8).
Deus não somente
concedeu-nos o perdão dos nossos pecados, mas manifestou seu amor
graciosamente; enchendo-nos a alma de paz, convicção e consolo.
II. JESUS, O AUTOR DA
SALVAÇÃO (Hb 5.9)
Ao falarmos da
missão salvífica de Jesus, devemos realçar seu nascimento, porque, sem o seu
sacrifício, como propiciação pelos nossos pecados, jamais teríamos o poder de
sermos feitos filhos de Deus (1 Jo 2.2; 1 Pe 2.24).
Em decorrência do
pecado, a humanidade ficou sob o domínio e Satanás. Só Cristo poderia mudar
essa situação, e de fato o fez: resgatou-nos das garras do Diabo, pagando um
alto preço por nossa redenção (1 Pe 3.18). "Sabendo que não foi com coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de
viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue
de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado" (1 Pe 1.18, 19).
Cristo nos resgatou com seu precioso sangue: "Sem derramamento de sangue
não há remissão" de pecados (Hb 9.22; Mc 10.45; 1 Co 6.20; 1 Tm 2.6).
1. Resgatados da prisão do pecado. Uma vez resgatado por Jesus, o
crente precisa crescer e desenvolver-se na vida cristã. A Bíblia afirma que
"se alguém está em Cristo, nova criatura é" (2 Co 5.17). Portanto,
não existe meio termo. Ou a pessoa está em Cristo ou está sem Cristo. Está
salva ou perdida. Permanecer salvo, do lado humano, depende da nossa disposição
de seguir a Cristo até o fim (Hb 3.14; 1 Co 1.8; Mt 10.27). A salvação não é
somente um ato, mas também um processo que requer exercício e vigilância (1 Co
10.12). É a nossa união com Cristo que nos mantém salvos (Jo 15.4,10). E essa
união não consiste numa simples relação afetiva com Jesus, mas numa inserção
integral no Ser divino (Jo 15.5).
2. O Espírito Santo é o mantenedor da salvação. É
o Espírito Santo que aplica a salvação à nossa vida. Ele é o guardião que ajuda
o crente a alcançar a estatura completa de Cristo (Ef 4.13; 2 Co 3.18; 2 Tm
4.18).
a)
O Espírito Santo convence. Ele convence plenamente o homem
das realidades espirituais do Evangelho, especialmente no que diz respeito ao
pecado, à justiça e ao juízo divino (Jo 16.8-11). Ele registra nitidamente
essas verdades na mente do homem fazendo-o entendê-las e reconhecer que elas
são vitais para a sua vida aqui e no além. É o Espírito de Deus que faz o
crente entender a Palavra lida e ouvida, para que ele cresça e se fortaleça (2
Tm 3.16,17).
b)
O Espírito Santo habita no crente. Ele habita permanentemente na
pessoa que, arrependida dos seus pecados, pela fé aceitou a Cristo e nasceu de
novo (Jo 14.16,17; 1 Pe 1.23). É a presença do Espírito Santo atuando em nós
que nos dá a certeza de que pertencemos a Deus (1 Jo 4.13; 3.24; 1 Co 3.16).
c)
O Espírito Consolador. É o Espírito Santo que confirma
no íntimo do crente que, em Cristo, somos filhos de Deus, dando segurança
espiritual aos nascidos de novo (Rm 8.15,16).
d)
O Espírito Santo promove crescimento e fortalecimento espiritual. Ele
produz em nós o seu fruto (Gl 5.22,23). A Bíblia, na Epístola aos Romanos,
trata das bênçãos do Espírito na vida do crente fiel (Rm 8.4-13). É impossível
ao crente viver a vida que agrada a Deus sem o auxílio do Espírito Santo. A
recíproca é verdadeira: se somos filhos de Deus pela conversão, e o seu
Espírito habita em nós, devemos viver em santidade e justiça (Lc 1.75). A
santificação é um processo iniciado e levado a efeito pelo Espírito Santo
durante toda a nossa vida. (2 Co 7.1; 6.1-3).Sem o sacrifício de Jesus, como
propiciação pelos nossos pecados, jamais teríamos o poder de sermos feitos
filhos de Deus.
Vemos nesta lição a
Trindade empenhada na salvação do homem, unida em prol do relacionamento íntimo
do homem com Deus. A responsabilidade do homem é aceitar, sem restrições, o
amor de Deus e o sacrifício vicário de Cristo, permitindo, incondicionalmente,
que o Espírito trabalhe em sua vida.
"A salvação
não consiste numa série complicada de ritos, ou numa série de passos místicos.
Ela ocorre instantaneamente na vida do que, de maneira sincera, busca a Deus.
Entretanto, mesmo que não haja ordem cronológica nos eventos que cercam a
salvação, há uma sequência lógica, conforme nos mostra claramente a Bíblia.
Vários termos cruciais
estão vitalmente relacionados à admirável experiência da salvação. Comecemos,
pois, com o ministério da convicção.
Esse gracioso ato de Deus, embora atribuído ao Pai, é realizado através
do Espírito Santo. Como o executor da divindade, Ele aplica os métodos da
redenção aos que se entregam a Cristo. O
principal instrumento usado pelo Espírito Santo nessa obra é a Palavra de
Deus. Embora o Espírito Santo não
restrinja a liberdade do indivíduo, chama os pecadores a virem a Cristo Jesus.
Esse trabalho do Espírito é chamado de 'a doutrina da vocação' ou 'do
chamamento'".
(MENZIES, W. W. & HORTON, S.
M. Doutrinas Bíblicas. RJ:
CPAD, 2005, pp.85,86).
A
única esperança de redenção da humanidade encontra-se no sangue de Jesus
Cristo, o Filho de Deus, derramado no Calvário. A salvação é recebida através
do arrependimento dos pecados, diante de Deus, e da fé em Jesus Cristo. Pela
lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, o homem é justificado
pela graça, mediante a fé tornando-se herdeiro de Deus, de conformidade com a
esperança da vida eterna.
A
evidência interior da salvação é o testemunho direto do Espírito. A evidência
externa, a todos os homens, é uma vida de retidão e de verdadeira santidade.
O crente e as bênçãos da salvação
Bênção: Todo
e qualquer bem dispensado por Deus aos que o temem.
Ao tomar
conhecimento do amor de Deus e aceitar Jesus e seu plano divino de salvação, o
homem recebe de Deus a vida eterna - a maior dádiva que existe. Entretanto,
para manter esta comunhão, é necessário ser diligente e produtivo com aquilo
que recebeu do Senhor. Por isso, esta lição tem como objetivo principal
despertar-nos para um apego maior aos fundamentos da fé e aos princípios
básicos da Bíblia. Somente através das Sagradas Escrituras, é possível ter uma
vida de compromisso absoluto com Deus, de forma que ela não seja somente
conceitual e teórica, mas prática, assim como o modo de viver de Cristo e de
seus discípulos.
I. A POSIÇÃO DO CRENTE
DIANTE DO PECADO
O homem que vive a
pecar, sem ter tristeza ou arrependimento de suas más ações, comporta-se como
se a lei divina não existisse. Sua atitude demonstra rebelião contínua e
deliberada contra o Senhor (2 Pe 2.10,12). O salvo é diferente, pois sua vida
reflete o desejo de servir a Deus (Mt 5.16).
1. Cristo veio para destruir as obras de Satanás. A
principal missão do Diabo é opor-se a Deus e aos seus planos, instigando a
rebelião contra o Senhor e à sua lei. O Inimigo de nossas almas opera no mundo,
porém, em breve estaremos livres de sua tirania, e toda a sua obra destrutiva
cessará (Ap 20.10).
2. A morte de Jesus tornou possível viver em santidade. Ainda
que requeira uma grande renúncia, Jesus espera que seus seguidores rompam
definitivamente com a prática do pecado (Mt 5.29,30; 18.8,9). A Bíblia declara
que quem permanece em Cristo não peca (1 Jo 3.6). Isto é, não vive na prática
do pecado, pois tem um "sistema de alerta" que o previne contra a
transgressão: as advertências do Espírito Santo que nele habita (Tg 4.5). A
Bíblia é enfática ao dizer que uma pessoa que vive a pecar não conhece a Jesus
(3 Jo v.11).
3. Viver na prática do pecado é incompatível com o ministério do Espírito
Santo. Uma das tarefas do Espírito Santo é a
implantação da nova natureza no crente (Jo 3.5-8). Quando o homem recebe esta
nova natureza ao aceitar a Cristo como seu Salvador e Senhor, passa a fazer
parte da família de Deus (Ef 2.19). Essa nova natureza proveniente de Deus
reflete o caráter de Cristo, produzido no crente pelo Espírito Santo (Gl
5.22-24).O salvo não vive na prática do pecado. Sua vida deve refletir seu
desejo de servir a Deus com fidelidade e santidade.
II. O CRENTE E SUA
COMUNHÃO COM DEUS
É impossível ao
homem viver sob a orientação das Sagradas Escrituras, sem que se debruce sobre
ela com o propósito de aprender o seu conteúdo (Jo 5.39). Quanto mais o homem
dedica-se a Deus, menos tempo e oportunidade tem para pecar. Sua vida vai,
paulatinamente, sendo moldada e transformada pelo Espírito Santo, e ele
torna-se cada vez mais contrário ao pecado (Sl 119.11; Ef 4.22-24). Algumas
atitudes auxiliam-nos a estreitar a nossa comunhão com Deus. São elas:
1. Meditação na Palavra de Deus. A meditação unida à oração é a
maneira mais produtiva de o crente desenvolver o seu conhecimento da Palavra de
Deus e seus valores. Pela meditação, estudo e oração, o crente "come"
a Palavra de Deus, isto é, apropria-se dela (Jr 15.16). Meditamos quando
submetemos a nossa mente ao que Deus é, no que Ele em Cristo fez e faz por nós
e no que Ele quer de nós (Cl 3.1,2). Esta é uma santa e bendita atividade na
qual o crente deve se ocupar todos os dias (Js 1.8; Sl 1.2; 119.97). Paulo
insta com os irmãos filipenses para que disciplinem e ocupem suas mentes com o
que for verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso e
louvável (4.8). Ao jovem pastor Timóteo, ele recomenda meditar e ocupar-se para
ser operoso (1 Tm 4.15).
2. Oração. A oração é a maneira direta de o crente falar
com Deus. Orar não é um monólogo, mas um diálogo do cristão e Deus, como filho
e pai. A oração é uma prática indispensável à vida de todo crente em Jesus. Ela
é o instrumento provido pelo Eterno, através do qual podemos nos dirigir a Ele
como o Concessor da grande salvação e a Jesus Cristo que a executou quando morreu
em nosso lugar (Jo 15.16; 16.23). A oração é um meio de comunhão entre Deus e o
crente, e deve ser um exercício espiritual voluntário, almejado, indispensável
e constante em nossa vida.
3. Jejum A prática do jejum, juntamente com a oração,
é recomendada biblicamente (Mt 17.21). Inúmeros crentes negligenciam a
observação do jejum como ensina a Bíblia, e por fim o abandonam de vez. Além do
seu valor espiritual, o jejum ensina o crente a disciplinar seus apetites
carnais, fortalecendo sua vida espiritual. Jesus jejuou e ensinou seus
discípulos a jejuar. Ele disse: "[...] quando jejuardes" (Mt 6.16), o
que deixa claro que esta era uma prática de cunho espiritual na vida de seus
discípulos (Mt 9.15; 17.21; Lc 2.37; At 13.2,3; 14.23).
4. Imitar o exemplo de quem manteve comunhão com o céu. Jesus
é o maior exemplo de uma vida de oração. Ele orava costumeiramente (Lc 22.39;
Lc 5.16; Jo 12.20-28; 17.6-19) e nos ensina que devemos orar para que não
caiamos em tentação (Mt 26.41). O Filho de Deus ensinou seus discípulos a orar,
deixando claro que a oração é parte integrante e fundamental da vida cristã.
Várias vezes Ele expressou: "quando orares"; "mas tu quando
orares"; "e orando"; "portanto vós orareis" (Mt
6.5,6,7,9). Paulo, um exemplo de fé, começou a sua vida cristã com oração (At
9.9,11). Ele admoestava os irmãos a uma vida de constante oração. Em suas
cartas Ele recomenda ao crente orar sem cessar (1 Ts 5.17), isto é, "em
todo tempo, com toda oração e súplica" como um dos procedimentos na guerra
contra o mal, bem como condição para manter-se firme na fé (Ef 6.10-19). Nenhum
ser humano tem, em si mesmo, mérito algum diante de Deus, mas através do nome
de Cristo, podemos esperar respostas para as nossas orações (Jo 14.13,14; 1 Tm
2.5). Em nossa jornada terrena é preciso buscar do Senhor forças espirituais
para vencer as astutas ciladas do Maligno (Mt 6.13).Algumas atitudes como
meditar na Palavra de Deus, orar, jejuar, e seguir o exemplo de quem tem
intimidade com o Senhor, auxiliamnos a estreitar a nossa comunhão com Deus.
III. A SALVAÇÃO NOS
HABILITA PARA O SERVIÇO CRISTÃO
O homem é apenas um
servo. A Bíblia nos ensina essa verdade de maneira muito clara (Fp 2.7,8).
Quando alguém aceita ao Senhor Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor, deixa
de ser "servo do pecado" (Jo 8.34), e passa a ser servo de Deus (1 Co
7.22; Gl 1.10), devendo, a partir de então, ser aplicado à Obra do Senhor e
servo da Igreja (1 Co 9.19).
1. Nosso primeiro e maior exemplo. A vida de serviço do cristão
deve ser espelhada em Jesus. O Mestre ensinou que não veio para ser servido,
mas para servir (Mt 20.28), assim Jesus fez a vontade do Pai e realizou a sua
obra (Jo 4.34; 9.5). Ele disse: "Se alguém me serve, siga-me" (Jo
12.26a); logo, Cristo nos tem como servos, isto é, pessoas comprometidas com a
sua Obra.
2. Os crentes da igreja primitiva muito cedo se dedicaram ao trabalho do
Reino de Deus (At 1.8; 8.4). Dorcas é um grande exemplo,
servindo às viúvas e outros necessitados da igreja (At 9.36-39). Paulo
apresenta uma galeria de homens e mulheres que se deram ao serviço do Senhor na
igreja em Roma (Rm 16). Onesífero saiu a procurar em Roma o cárcere onde Paulo
se encontrava e só assim Timóteo recebeu a sua segunda carta (2 Tm 1.16,17). Ao
confiar tarefas especiais ao jovem pastor Timóteo, Paulo lhe mandou ocupar-se
em tarefas ministeriais práticas e funcionais (1 Tm 4.15).Quando alguém aceita
ao Senhor Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor, deixa de ser "servo do
pecado", e passa a ser servo de Deus.
Quando o crente tem
a consciência e a disposição de buscar o seu crescimento e aperfeiçoamento
espirituais, Deus, por sua graça o fará alcançar essas bênçãos e neste ato o
precioso nome de Jesus é glorificado.
Algumas
pessoas rejeitam a idéia da vida eterna, porque a atual é miserável. Mas a vida
eterna não é uma extensão da vida terrena, miserável e mortal; a vida eterna é
a vida de Deus, personificada em Cristo, que foi dada a todos os crentes como
uma garantia de que viverão para sempre. Na vida eterna, não há morte, doença,
inimigos, mal ou pecado. Quando não conhecemos a Cristo, fazemos escolhas como
se esta vida fosse tudo o que temos, mas, na verdade, esta vida é somente uma
ponte para a eternidade. Receba esta nova vida pela fé, e comece a avaliar
todos os acontecimentos a partir de uma perspectiva eterna!
Os falsos profetas
Profecia: Declaração
da mente e do conselho de Deus. (VINE)
Sempre houve no
meio do povo de Deus impostores, que falavam falsamente em nome do Senhor, isto
é, aquilo que o Eterno não falara, conduzindo o povo incauto ao erro. Este
assunto é tão atual como o foi nos tempos de Jeremias (Jr 14.14; 23.25; 28.15),
de Jesus (Mt 7.15) e dos apóstolos (At 13.6; 20.30; 2 Pe 2.1; 1 Jo 4.1). Que o
Senhor, por sua misericórdia, levante homens e mulheres aptos a defender a
Igreja contra os falsos profetas desses últimos dias (Mt 24.11,24; 2 Pe 2.1.
I. CONCEITOS
1. Profeta. Na Bíblia, o termo profeta designa aquele que
é chamado por Deus para transmitir a mensagem divina ao povo (Jr 1.5,9; Ez
2.1-7; Dt 18.18). Em outras palavras, os autênticos profetas são porta-vozes de
Deus; o próprio Senhor os chama "meus profetas" (Sl 105.15; Jr 7.25).
Sua responsabilidade é de grande peso (Ez 2.1-7; 3.10,11), uma vez que eles
são, na verdade, "homens de Deus", conforme está dito onze vezes em 1
Reis 4. Estes servos de Deus transmitem a Sua vontade e seus desígnios, além de
desvendar o futuro segundo a inspiração do Espírito Santo. Todavia, a própria
Palavra de Deus nos orienta que devemos nos acautelar dos falsos profetas (Mt
7.15).
2. Profecia. A profecia, tanto no Antigo como no Novo
Testamento, é primeiramente declarativa e, depois, preditiva. A profecia
preditiva revela-nos o plano divino em relação a Israel, a Igreja, aos gentios
e a plena chegada do Reino de Deus. A maior parte das profecias, porém, é
declarativa, pois é constituída de exortação, admoestação, encorajamento,
promessa, advertência, julgamento, consolo. Em o Novo Testamento, a profecia é
um meio divino de orientar, exortar e edificar a igreja (1 Co 14.3,4).
a)
Aspectos da atividade profética. A profecia pode ser vista na
Bíblia como um ministério permanente recebido de Deus (2 Rs 17.13; Jr 7.25; Lc
16.16; Hb 1.1); um dom ministerial na igreja (Ef 4.11-13; 3.5); e um dom
espiritual na congregação (At 2.17,18; 1 Co 12.10; 14.1-4). O "dom de
profecia" é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo concedida para
transmitir a mensagem divina.
b)
A profecia como dom ministerial em o Novo Testamento. A
profecia como ministério profético não é uma pregação comum; é uma mensagem
vinda diretamente do Espírito Santo. A pregação habitual, no entanto, é
preparada antecipadamente (1 Tm 5.17). Como precisamos deste dom hoje na
igreja! Ver Provérbios 29.18; Atos 15.32.
O profeta é um
arauto da santidade de Deus; sua missão é expor com unção os padrões da
santidade divina para o povo. O seu espírito ferve com santo zelo para anunciar
a santidade de Deus e de tudo o que é dEle! O profeta de Deus faz os santos
regozijarem-se no Senhor, mas também faz o ímpio estremecer e considerar o seu
mau caminho. Ver Atos 24.24,50.
c)
O dom de profecia (1 Co 12.10; 14.3,31). A profecia é
o principal dom espiritual porque edifica a congregação (1 Co 14.4). Além
disso, a profecia é um "sinal" para a igreja, enquanto as línguas são
um "sinal" para os infiéis (1 Co 14.22).
d)
A natureza da profecia. Devemos discernir a
"profecia da Escritura", a qual é inerrante (2 Pe 1.20), da profecia
da Igreja; esta deve ser julgada e só então acatada (1 Co 14.29). A
manifestação do dom de profecia durante o culto deve ter limite. "Falem
dois ou três profetas" (1 Co 14.29). Isto é, a maior parte do tempo do
culto tem de ser destinada à exposição da Palavra de Deus, porque sendo esta
soberana jamais poderá ser substituída pelo dom de profecia.A profecia pode ser
vista na Bíblia como um ministério permanente, um dom ministerial e um dom
espiritual.
II. A FALSA PROFECIA
Atualmente,
observamos diversas pessoas correndo de igreja em igreja em busca de
"profecias" e de "revelações". Tais "crentes", na
verdade, querem respostas para seus problemas pessoais (2 Tm 4.3). Como já
vimos em 1 Coríntios 14.3, o propósito divino da profecia é consolar, exortar e
edificar. Qualquer profecia que fuja a este propósito não procede de Deus e
jamais se cumprirá (Dt 18.22).
1. Julgando as profecias pela Palavra. A profecia na
igreja necessita ser julgada (1 Co 14.29), mas quais os parâmetros para o seu
julgamento? A resposta é a própria Palavra de Deus, que é nosso modelo áureo e
referência plena de fé; o guia da nossa vida, do nosso culto ao Senhor, e do
nosso desempenho no seu trabalho (2 Tm 3.16,17). Qualquer profecia na igreja
que entre em conflito com os ensinamentos e doutrinas bíblicas não pode vir de
Deus.
Os falsos mestres e
profetas, como nos tempos do Antigo Testamento, enganam o povo, porque são
emissários do Diabo (Jo 8.44). Todavia, a Bíblia declara: "Nenhuma mentira
vem da verdade" (1 Jo 2.21). O crente fiel, que sempre ora e lê a Palavra
de Deus, compara aquilo que ouve com o que está escrito na Escritura, a fim de
comprovar a veracidade das profecias enunciadas na igreja.
2. Julgando o falso profeta pelos frutos. Jesus Cristo
nos adverte a respeito de falsos profetas que se infiltram no meio do povo de
Deus. Apesar da aparênciade piedade, não passam de agentes de Satanás; sua
missão: corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da Igreja (Mt 7.15-23).
Muitos deles operam sinais e prodígios (Mt 24.24), mas tudo isto fazem sob a
eficácia de Satanás (2 Ts 2.9,10). Como identificá- los? Como saber se estão em
nosso meio? A resposta é: conhecendo a Palavra de Deus e tendo o discernimento
pelo Espírito Santo. Além disso, os seus frutos são uma irrefutável evidência
de sua mentira e falsidade (Gl 5.22,23). A árvore má não pode dar frutos bons
(Mt 7.16-20).As profecias devem ser julgadas de acordo com as orientações
expostas na Bíblia, e os profetas, pelos seus frutos.
III. ENSINOS FALSOS
Uma característica
dos falsos mestres é ensinar o que as pessoas querem ouvir independentemente se
estão erradas ou não (Jr 5.31; 1 Rs 22.12-14). Deus age de forma diferente para
conosco. Ele fala, não o que gostamos de ouvir, mas o que precisamos ouvir, e
corrige-nos sempre quando estamos errados porque nos ama (Hb 12.4-13).
1. A busca do ser humano pela prosperidade. Desde o
princípio, o ser humano luta para adquirir e acumular riquezas, geralmente, de
modo ilícito. Atualmente, esta busca tornou-se uma alucinação. A crise
econômica mundial, o anseio por manter-se a salvo da miséria, o incentivo da
mídia por um consumismo cada vez mais exacerbado e as incertezas do amanhã,
formam um ambiente ideal para o surgimento de falsas doutrinas e profecias. O
povo não se satisfaz com o que o Senhor garante aos seus filhos (Mt 6.25-33; Pv
30.8,9), mas deseja riquezas que, muitas vezes, são vistas como bênçãos
divinas. A Bíblia adverte-nos contra essa busca insensata pelos bens e contra
os que a encorajam mediante os seus ensinos (1 Tm 6.6-11, 17-19; Sl 62.10).
2. O menosprezo da glória de Cristo. Os vv.1-3 da "Leitura
Bíblica em Classe" são, em primeiro plano, uma refutação ao gnosticismo,
um falso credo que negava a divindade de Cristo nos primeiros séculos da
Igreja. Os ensinos dos gnósticos negam o sofrimento de Jesus e o valor de seu
sacrifício na cruz para expiação dos pecados e salvação dos pecadores. (1 Pe
2.21-24; Rm 5.5-9; 2 Co 5.21).
O sofrimento de
Cristo na cruz e sua morte sequencial são dois elementos que comprovam a sua
humanidade. Este mesmo Jesus ressuscitou em corpo glorioso e entrou onde
estavam os discípulos reunidos a portas fechadas. Os discípulos que tocaram
nEle após sua ressurreição viram-no ser assunto aos céus, e os anjos que ali
estavam, afirmaram que o Senhor que ascendera aos céus, de lá voltará (At
1.10,11).
Hoje, muitos falsos
profetas tentam afastar a Igreja do seu alvo descrito nas Escrituras, mediante
a pregação de um evangelho fácil, sem renúncia, sem compromisso, sem santidade;
um evangelho que apregoa apenas o apego pelos bens materiais. Assim como um
marketing empresarial, tal evangelho emprega a mídia audiovisual com o objetivo
de manipular as emoções do homem.Os ensinos falsos consistem geralmente na
busca do ser humano pela prosperidade e no menosprezo da glória de
Cristo.
Deus sempre
advertiu seus servos contra os falsos profetas. Portanto, devemos estar
prevenidos contra todo e qualquer ensino ou profecia que não esteja em
consonância com a Palavra de Deus, sabendo que o fim desses promotores da
maldade, que intentam desviar o povo de Deus, é perecer em sua própria
corrupção (2 Pe 2.1-22).
"João começa
com a declaração de que existem falsos profetas, bem como profetas verdadeiros,
e com a ordem aos cristãos para que façam uma distinção entre eles. Ao mesmo
tempo, ele indica qual é o ponto importante em fazer essa distinção. Não é se o
fenômeno sobrenatural está presente, pois o Diabo também pode realizar
milagres. É uma questão de definir a fonte da inspiração do profeta. Seria Deus?
Nesse caso, o profeta é verdadeiro. Se não é Deus, então ele não deve merecer
crédito nem ser seguido, independentemente de quão grande seja a sua sabedoria
ou de quanto impacto sua atividade provoque.
Quando João diz que
muitos falsos profetas virão ao nosso mundo, não necessariamente está pensando
a respeito de sua época. De fato, ele saberia que sempre houve falsos profetas
e que o povo de Deus sempre teve a tarefa de distinguir entre aqueles que são
de Deus e aqueles que falam da parte de si mesmos ou pelo poder do Diabo."
(BOICE, J. M. As epístolas de João. RJ: CPAD,
2006, p.127).
A
Bíblia nos declara que a intimidade do Senhor é para aqueles que o temem (Sl
25.14). Infelizmente, observamos nos últimos dias muitos homens e mulheres se
autoproclamando íntimos e detentores dos segredos de Deus. Entretanto, quando
atentamos para a vida deles, constatamos uma total falta de temor. Um dos
termos gregos traduzido como temor (gr. Phobos)
significa ter grande respeito pela majestade e santidade de Deus. Temer a Deus
é ter a consciência de quem Ele é, um Deus santo e justo, que não se deixa
escarnecer.
Em
tempos de falsos profetas, é recomendável aos profetas temer a Deus antes de
mais nada, uma vez que falar em nome Dele é algo profundamente sério. E aos
membros do Corpo de Cristo, é imprescindível o discernimento. Talvez nosso
maior problema hoje não seja a secularização da igreja, mas a falsa
"espiritualidade", uma vez que aquela é facilmente identificada, no
entanto, esta somente por intermédio do dom de discernir os espíritos.
O amor a Deus e ao
próximo
Amor Ágape: amor
abnegado, profundo e constante, como o amor de Deus pela humanidade.
Embora já tenhamos
abordado o tema do amor em lição anterior, hoje trataremos desta questão sob
outra perspectiva, a fim de que possamos fazer uma auto-avaliação com o
objetivo de refletir a respeito das seguintes questões: Será que amo de fato a
Deus e ao próximo? Como tenho demonstrado este amor?
I. O AMOR DIVINO
1. Deus é amor. Essa é uma das declarações mais
sublimes da Bíblia. O amor não é apenas um dos atributos de Deus; é a sua
própria essência e natureza. O amor divino é totalmente diferente do humano,
uma vez que é incondicional, imutável e perfeito. Ainda que o homem o ame menos
ou mais, o amor de Deus não sofrerá alteração alguma, porque é da natureza dEle
amar. Em tudo o que faz, seu amor é demonstrado. Até mesmo quando corrige, o
Eterno o faz porque ama (Hb 12.6).
A partir dessa
verdade, a Bíblia declara que é impossível alguém conhecer a Deus e não amar (1
Jo 4.8). Ora, assim como um filho possui características de seu pai, nós, como
filhos de um Deus que ama, naturalmente devemos amar como Ele amou (2 Pe 1.4;
Jo 15.12). Do contrário, não seremos considerados seus filhos.
2. A manifestação do amor de Deus. Já aprendemos que Deus é amor,
porém, neste tópico iremos demonstrar que Ele apresenta provas desse amor. Uma
das mais expressivas provas encontra-se descrita no texto áureo da Bíblia (Jo
3.16). O amor de Deus manifestou-se em Cristo, Seu Filho unigênito (v.9). A
expressão "unigênito do Pai" assinala a singularidade de Jesus sobre
todos os homens e seres celestiais. Sempre que o autor usa o termo
"unigênito" realça esse caráter singular de Cristo, levando-nos a
compreender a grandeza do amor de Deus ao oferecer Jesus para morrer por nós
(Jo 1.14,18; 3.16,18), a fim de que pudéssemos obter a vida eterna, quando
ainda éramos pecadores (Jo 3.14-16; Rm 5.8; 2 Co 5.21; Ef 5.1,2).
Cristo é a
materialização do amor divino. Jesus é a declaração de amor de Deus ao mundo
(Tt 3.4). Para o homem, é impossível imaginar a grandeza, a largura, a altura e
a profundidade desse amor. Em sua carta, o apóstolo faz questão de deixar claro
que foi o próprio Deus quem tomou a iniciativa de nos amar e demonstrou isso
enviando Jesus para perdão dos nossos pecados. Além disso, quando João afirma
que Cristo morreu não somente pelos nossos pecados, mas também pelos de todo o
mundo (1 Jo 2.2), enfatiza a abrangência do seu sacrifício expiatório e a grandeza
deste amor (Rm 5.8).O amor incondicional, imutável e perfeito de Deus é
manifesto em Cristo.
II. O AMOR COMO
IDENTIDADE DO CRISTÃO
As palavras
registradas por João (Jo 3.16) são retomadas no v.11. No entanto, aqui, o
apóstolo o faz de forma bem mais aplicada e pessoal. Ele avalia a grandeza do
amor de Deus em dar o seu Filho para morrer em nosso lugar e nos encoraja a
fazer o mesmo (1 Jo 3.16).
1. O dever de amar a todos. "Amados, se Deus assim nos
amou..." (v.7a). João dirige-se à igreja com um tipo de tratamento comum
entre ele e os irmãos (2.7; 3.2,21; 4.1,7,11). Contudo, a ênfase está no modo
como Deus amou. A Bíblia nos encoraja a amarmos à maneira dEle, que entregou
seu filho à morte por amor. Será que estaríamos dispostos a amar assim? De acordo
com as Sagradas Escrituras, não há alternativa para nós, pois está escrito que,
como filhos de Deus, temos de agir como Ele (vv.7,8). Além disso, não é apenas
a forma de amar que João ensina, mas também a quem devemos amar. Se o Pai, o
Deus Todo-Poderoso, o Criador, nos amou antes de ser amado por nós, muito mais
nós, seres humanos, que já experimentamos tão maravilhoso amor, devemos amar ao
nosso próximo, conforme nos ensina a Parábola do Bom Samaritano (Mc 10.29-37).
2. A identidade cristã. "E qualquer que ama é
nascido de Deus e conhece a Deus" (v.7b). Essa é a identidade do seguidor
de Cristo (Jo 15.35); somos o reflexo do amor divino para o mundo. Ao mencionar
que ninguém viu a Deus, o apóstolo João reforça a necessidade que temos de amar
ao próximo, para que o mundo possa experimentar do seu amor. A nova criatura é
a luz que ilumina o mundo, e suas boas obras são motivo de os descrentes
glorificarem ao Senhor (Mt 5.16).
3. Deus nos capacita a amar. "[...] Deus está em nós, e
em nós é perfeito o seu amor" (v.12). Deus não é apenas o nosso exemplo de
amor ao próximo (Jo 13.15), mas também aquele que nos capacita a amar mediante
o Espírito Santo que em nós habita (Rm 5.5; 8.9; 2 Co 1.22). Além disso, o amor
de Deus é aperfeiçoado em nós, porque somos os seres nos quais Deus manifesta
esse amor.O amor é a identidade do cristão.
III. O AMOR E A SEGURANÇA
DA SALVAÇÃO
O capítulo 4 da 1
Epístola de João encerra-se ao apresentar algumas evidências daqueles que são
filhos de Deus e, portanto, são salvos.
1. O amor ao próximo (vv.12,13). Quando somos salvos,
transformados por Deus e feitos seus filhos, passamos a ter o seu amor dentro
de nós. O ato de amar ao próximo é uma prova da nossa nova natureza e filiação.
Aquele que já experimentou o amor divino consequentemente ama o seu semelhante.
É por isso que o apóstolo afirma com tanta segurança e certeza que quem não
ama, não conhece a Deus!
2. A confissão de Jesus como Filho de Deus (v.15). Aqueles
que reconhecem que Jesus Cristo é o Filho de Deus, podem estar convictos de que
são a habitação do Senhor. Tais pessoas só podem realizar essa confissão a
partir do momento em que experimentaram o amor divino.
3. A confiança no amor de Deus (vv.16-18). O crente, que
é morada do Espírito Santo de Deus (1 Co 3.16,17; 6.19), cumpre seus
mandamentos, é santo, tem comunhão com Deus, permanece nEle e ama o seu
próximo. Enfim, confia plenamente no amor que o Eterno tem por si e na sua
salvação em Cristo. Por isso, está seguro em relação à vida eterna.Aqueles que
são filhos de Deus amam ao próximo, confessam que Jesus é o Filho de Deus e
confiam no amor divino.
Ao finalizar a
lição deste domingo e o capítulo 4 da epístola, é imprescindível refletirmos a
respeito da questão proposta no versículo 20: "Se alguém diz: Eu amo a
Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual
viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?" Logo, se você ama a Deus, ame
ao próximo (v.21).
"A natureza do Amor Ágape.A pessoa que tem amor é sofredora.
Este é o amor passivo, o amor paciente, o amor que espera, suporta, sofre, na
quietude. A pessoa que tem amor é benigna. Certo escritor chama a benignidade
de amor ativo. A pessoa que tem amor não é invejosa. A pessoa amorosa não tem
inveja ou ciúmes do sucesso dos outros. A pessoa que tem amor ágape não trata
com leviandade, não se ensoberbece. Ela não é orgulhosa. A pessoa que tem amor
semelhante a Cristo não se porta com indecência. Ela não é rude. É natural a
pessoa amorosa ser cortês, mostrar consideração pelos outros. A pessoa que tem
amor não busca os seus interesses. Ela é altruísta. A pessoa que manifesta amor
não se irrita. Ela não fica zangada facilmente. A pessoa que ama não suspeita
mal. Ela não guarda rancor, não mantém um registro dos erros. A pessoa que tem
o verdadeiro amor não folga com a injustiça, mas folga com a verdade."
(GILBERTO, A. O fruto do Espírito. RJ: CPAD,
2004, p.40-42).
Conforme
Boice, mediante a epístola de João, podemos reconhecer que é possível haver
pessoas na igreja extremamente moralistas no comportamento e ortodoxo na
doutrina e, ainda assim, pouco praticantes do amor ao próximo.
É
interessante que, não obstante a importância da observação destes, Jesus não
col0ca a conduta moral nem a ortodoxia doutrinária como as marcas
identificadoras do cristão. Tais elementos são fundamentais, mas não a essência
do cristianismo, que é o amor.
O
amor é o assunto principal da Bíblia e a razão de existir do cristianismo.
Portanto, este deveria balizar todos os cultos, eventos, reuniões e relações da
igreja de Cristo. Tudo que é feito na e pela igreja deve ter o amor como
alicerce. Se somos discípulos de Cristo, obrigatoriamente refletimos o amor de
Deus ao cantar, pregar, ensinar, presidir, exortar, ofertar, repartir,
exercitar misericórdia ou qualquer outra coisa.
O testemunho
interior do crente
NOVO NASCIMENTO
Razão: Tornar-se filho de Deus para ter acesso ao
Reino dEle (Jo 3.3);
Base: A experiência espiritual, a origem celestial
e a obra expiatória de Cristo (Jo 3.11-15);
Meios: Lavagem da regeneração e renovação do
Espírito (Tt 3.5).
Testemunho
Interior: É a declaração do Espírito Santo no íntimo
crente de que ele é filho de Deus.
Veremos que somente aqueles que
são nascidos de Deus, isto é, crêem que Jesus é o Cristo, têm condições de amar
a seus irmãos, cumprir os mandamentos divinos e vencer o mundo. Será que, de
fato, temos experimentado ma nova vida em Cristo?
I. NASCIDOS DE DEUS
Por intermédio do
texto bíblico que vamos estudar nesta lição, aprendemos que "todo aquele
que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus" (v.1).
1. Nascer de Deus. É mediante a fé no sacrifício
de Jesus que experimentamos uma nova vida. Somente o novo nascimento nos faz
entrar numa nova relação com o Senhor, tornando-nos, verdadeiramente, filhos de
Deus (1 Jo 3.1,2). A natureza espiritual desta nova relação vem de semente
incorruptível, isto é, pela Palavra de Deus; é obra do Espírito Santo (cf. Jo
3.5-8), mediante as verdades vivas e eternas do evangelho de Cristo (1 Co
4.15).
Natureza humana só
pode produzir natureza humana; e nenhuma criatura poderá elevar-se acima de sua
própria natureza. A vida espiritual não passa de pai para filho de modo
natural; ela procede de Deus: "O que é nascido da carne é carne, e o que é
nascido do Espírito é espírito" (Jo 3.6,7).
Aquele que
realmente nasceu de Deus está liberto da escravidão do pecado e passa a ter o
desejo e a disposição espiritual de obedecer ao Senhor e andar sob a direção do
Espírito Santo (v.2).O novo nascimento possibilita ao homem ter um
relacionamento de filho com Deus.
II. OS FILHOS DE DEUS E O
AMOR
Como resultado da
nova vida recebida de Deus, mediante a fé, o crente passa a viver em retidão,
procurando obedecer aos preceitos divinos; sobretudo ao princípio do amor ao
próximo.
1. O amor cristão. A essência do Cristianismo é o
amor (Rm 13.8-10; 1 Co 13). Isto foi declarado pelo próprio Senhor Jesus ao ser
inquirido por um doutor da lei (Lc 10.25-27), e ao dar as últimas instruções
aos seus discípulos (Jo 13.34,35). O apóstolo João afirmou categoricamente:
"Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor" (1 Jo
4.8). Todavia, todo o que ama é nascido de Deus e o conhece.
2. O amor de Deus. Paulo nos diz que Deus nos amou
quando éramos por natureza filhos da ira (Rm 6.8-10). Ele nos amou tanto que
enviou seu Filho para morrer em nosso lugar (Jo 3.16). Quem é nascido de Deus
precisa aprender com o Pai a amar de verdade.
3. O amor ao próximo. Quando interrogado sobre quem é
o nosso próximo, Jesus proferiu a parábola do Bom Samaritano, esclarecendo que
o próximo pode ser qualquer pessoa que necessite do nosso amor (Lc 10.25-37). A
ordenança do Mestre vai além dos limites de apenas ajudar nossos amigos;
devemos amar também os que nos maltratam e nos maldizem (Mt 5.43-48). Somente
assim poderemos demonstrar que, realmente, somos filhos de Deus (Mt 5.45).
4. O amor que procede do Espírito. A Bíblia afirma que antes de
conhecermos a Cristo, éramos "odiosos, odiando-nos uns aos outros"
(Tt 3.3).
Sem Cristo, ninguém
é capaz de amar ao próximo, muito menos se este for um inimigo contumaz. Mas,
como nova criatura (2 Co 5.17), "o amor de Deus está derramado em nosso
coração pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5.5). O fruto do
Espírito leva-nos a amar até mesmo aos que nos odeiam. Além disso, Jesus
afirmou que seus discípulos seriam conhecidos pelo amor: "Nisto todos
conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo
13.35).O amor é a essência do cristianismo.
III. OS FILHOS DE DEUS E
A OBEDIÊNCIA
1. Os filhos de Deus são obedientes. A todos que recebem a Jesus
como Salvador pessoal, o Eterno concede o poder de serem feitos seus filhos:
"Mas a todos quanto o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus: aos que crêem no seu nome" (Jo 1.12). Dentre os muitos aspectos do
crente como filho de Deus, destacamos a obediência. A essência de ser filho de
Deus é o amor, e o cerne do amor é a obediência (Jo 14.22). Ser filho de Deus é
viver em constante obediência. Os nascidos de Deus não vivem em rebeldia, mas
seguem os preceitos divinos em amor (v.3). O verdadeiro crente participa da
natureza divina que o move a ser um filho que obedece a Deus, exatamente o
inverso do homem natural, adâmico, que por natureza é obstinado e rebelde (Rm
8.7).
2. Os filhos de Deus vencem o mundo (v.5). Os filhos de
Deus não se conformam com as obras deste mundo, a saber, "as
concupiscências" que em vossa ignorância praticavam (1 Pe 1.14). Esses
desejos intensos de gozos materiais estão associados à falta de conhecimento
legítimo do que é verdadeiramente útil, real, e necessário para se ter uma vida
que agrade a Deus. Só cai diante dos apelos mundanos aquele que perdeu a visão
do Reino de Deus, e fixou seu olhar nas ilusões passageiras deste mundo. Há uma
separação entre o nosso passado sem Deus e a nossa posição de filhos de Deus,
santificados em Cristo.
A nova vida em
Cristo depende de o crente separar-se voluntariamente, passando a ser
controlado pelo Espírito Santo de Deus; não mais vivendo sob o domínio do
pecado, nem sob o controle da carne, mas dominado pelo Espírito do Senhor.
3. Os filhos de Deus O conhecem. Pela fé em nosso Senhor Jesus
Cristo, conhecemos a Deus. Conhecer a Deus é algo progressivo, que continuará
na eternidade. Observemos, pois, o que afirma o profeta Oséias:
"Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor" (Os 6.3). Deus não
deseja que você esteja inseguro em seu relacionamento com Ele. O Pai nos assevera:
"se você crê no filho de Deus, tem a vida eterna" (Jo 3.36). Não
tema, e nem duvide!
Quem conhece a Deus
sabe que Ele ouve o clamor dos seus filhos, por isso, oram segundo a vontade do
Pai: "E esta é a confiança que temos nele: que se pedirmos alguma coisa, segundo
a sua vontade, ele nos ouve" (v.14). A oração dos filhos de Deus é
atendida, pois todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado:
"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca" (v.18). Você
vive uma vida santa? Então, comece a orar com confiança! Creia que o Pai ouvirá
e responderá o seu clamor.Os filhos de Deus são obedientes, vencem o mundo e
conhecem o seu Pai.
IV. O TRÍPLICE TESTEMUNHO
Segundo James
Montgomery, na obra As Epístolas de João, o texto de 1 João 5.6-8 é
a passagem mais impressionante do livro. De acordo com o Comentário
Bíblico de Mattew Henry, há três testemunhas das doutrinas da Pessoa de
Cristo e da sua salvação:
1. O Espírito Santo. O Espírito Santo é quem
convence o homem do pecado, e da justiça, e do juízo (Jo 16.8). É o Espírito
Santo quem revela, através da Palavra, toda a verdade a respeito de Jesus (Jo
14.16,26). Ele nos fez membros do Corpo de Cristo (1 Co 12.13). Ele nos
santifica e liberta do pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17). É Ele quem nos ensina a
obedecer a Cristo.
2. A água. Estabelece a pureza e o poder purificador do
Salvador. A água também é símbolo do Espírito Santo. Por intermédio da Terceira
Pessoa da Trindade, fomos lavados pela Palavra de Deus (Hb 10.22).
3. O sangue - Fomos resgatados do pecado por meio do sacrifício de
Cristo. Jesus selou e pôs fim aos sacrifícios do
Antigo Testamento. Os benefícios alcançados por seu sangue provam que Ele é o
Salvador do mundo. Cristo é a nossa salvação (Sl 65.5). Não há salvação fora
dEle (At 4.12).Há três testemunhas das doutrinas da Pessoa de Cristo e da sua
salvação: o Espírito Santo, a água e o sangue.
É requerido dos
filhos de Deus amar o próximo. Quem ama a Deus e ao próximo tem prazer em
seguir os mandamentos divinos, demonstrando ser um verdadeiro cristão. Não se
esqueça: o verdadeiro crente vence o mundo mediante a fé em Cristo.
"Quatro
passagens de 1 João mencionam o Espírito Santo. Duas delas lidam com a
confirmação para os crentes de que Deus reside neles. 1 João 3.24 afirma: 'E
nisto conhecemos que ele está em nós: pelo Espírito que nos tem dado'. De forma
semelhante, 1 João 4.13 invoca a presença do Espírito na vida dos crentes como
garantia do relacionamento deles com Deus. Essa linguagem é semelhante à de
João 15.1-17, em que Jesus discute o 'estar' nos discípulos (NVI, 'permanecer';
em grego,meno). Essa passagem vem depois da promessa que Jesus fez aos
discípulos de 'outro Consolador' (o Espírito Santo, 14.16) e precede a
argumentação de Jesus sobre a obra do Espírito Santo em relação aos discípulos
e ao mundo (16.5-16). Primeira João 5.6, da mesma forma que o Evangelho de
João, afirma o papel de testemunha do Espírito: 'E o Espírito é o que
testifica, porque o Espírito é a verdade' (cf. Jo 15.26; 16.13-15). O versículo
seguinte, 1 João 5.7, reitera de forma clara, embora difícil, o papel do
Espírito, junto com a água e o sangue, como testemunha por Jesus Cristo (cf.
5.6,10)".(ZUCK, R. B. Teologia
do Novo Testamento. RJ: CPAD, 2008, p.225).
Vivemos
num momento eclesiástico em que nunca ouvimos tanto a palavra
"vitória" ser pronunciada. "Quem não deseja ser um
vencedor?" A epístola de João nos apresenta o segredo da vitória sobre o
mundo: a fé em Jesus como o Filho de Deus. (5.1,4).
Esta
fé é essencial não somente para que o crente vença o mundo, mas também para que
o homem nasça de novo, guarde os mandamentos divinos, ame a Deus e ao próximo.
Na verdade, crer em Jesus como o Filho de Deus implica amá-lo, obedecer-Lhe e
amar ao próximo. Por isso, João enfatiza tanto essa fé em seus escritos. Na verdade,
sob a perspectiva joanina, se o crente, que não tem vencido o mundo, fizer uma
investigação profunda em sua vida, descobrirá que a raiz do seu problema ou
dificuldade encontra-se neste simples, mas indispensável, fundamento: a fé em
Jesus como o Filho de Deus.
A segurança
em Cristo
Vida
eterna: Suprema bem-aventurança dos que recebem a
Cristo como o Salvador e Senhor de suas vidas.
Chegamos ao final
do estudo da Primeira Epístola de João. Nas palavras derradeiras desta carta, o
apóstolo ensina-nos acerca da confiança que os filhos de Deus devem ter na vida
eternam Cristo Jesus. João conclui fazendo um apelo aos crentes para que não permaneçam
na prática do pecado e admoestem os que assim vivem (vv.16,17).
I. A CERTEZA DA VIDA
ETERNA
Como filhos e
herdeiros de Deus, temos a certeza da vida eterna (v.13; Gl 4.7). Esta garantia
é para todos aqueles que um dia firmaram, por meio da fé, um compromisso com
Cristo, isto é, creram em Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.
João encerra sua
epístola ressaltando que os que colocam sua fé inteiramente em Cristo
ressuscitarão para a vida eterna, por ocasião de sua Segunda Vinda. As Escrituras
afirmam que "todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna; e
eu o ressuscitarei no último Dia" (Jo 6.40).
De acordo com
o Comentário Bíblico de Matthew Henry, os judeus consideravam que
somente eles possuíam a vida eterna, uma vez que haviam recebido esta revelação
de Deus por meio de suas Escrituras. Todavia, o apóstolo João ressalta que a
vida eterna é para aqueles que crêem piamente no Filho de Deus.
1. Vida eterna. A vida eterna a que se refere
João é a vida divina de alegria, paz, santidade e de transformação à imagem de
Cristo pelo Espírito Santo (2 Co 3.18). Além disso, glória ainda maior
seguir-se-á no porvir, quando formos apresentados incorruptíveis diante do
trono de Deus; semelhantes a Cristo, e sem falta de nada, segundo a sua promessa.
2. Viva esperança. A Bíblia afirma que os filhos
de Deus têm "uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre
os mortos" (v.3). Isto é, uma esperança que jamais pode ser extinta. Não é
como as esperanças fugazes e desapontadoras deste mundo. Esta viva esperança,
no sentido bíblico, é sempre renovada pela confiança que temos no poder e na
fidelidade do Deus Eterno, que a originou.
3. Glória eterna. A glória eterna que esperamos
de Deus consiste em habitarmos para sempre com Ele, livres definitivamente da
ruidosa presença do pecado. A glória de Deus, então, inundará a todos e a tudo
ali (Ap 21.11,23; Cl 3.4). Esta é a verdadeira esperança do crente (Tt 1.2),
mediante a qual somos salvos (Rm 8.24).Aqueles que são filhos de Deus, nascidos
de novo, têm a certeza da vida eterna, possuem uma viva esperança e esperam
desfrutar da glória eterna.
II. DEUS OUVE AS ORAÇÕES
Por meio do
sacrifício de Cristo, temos comunicação direta com o Pai. Quando o Senhor
entregou sua vida por nós, na cruz do Calvário, o véu do templo foi rasgado de
alto a baixo (Mt 27.51; Lc 23.45), simbolizando o rompimento da barreira que
havia entre Deus e a humanidade (Hb 10.19-22). Daí em diante, passamos a ter
acesso irrestrito ao Todo-Poderoso.
João deixa claro
que "se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve"
(v.14). Quando falamos com Deus em oração, não podemos exigir nada dEle, porque
Ele é Soberano, e sua vontade sempre prevalece sobre a nossa. Todavia, se
oramos em consonância com o seu querer, certamente seremos ouvidos. Na verdade,
Deus não apenas nos ouvirá, mas nos dará uma resposta definitiva. Portanto,
clame ao Senhor com confiança!
1. Dos que estão em Cristo. João tinha sempre em mente as
palavras do Mestre sobre a oração dos que "estão em Cristo". "Se
vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o
que quiserdes, e vos será feito" (Jo 15.7). Por isso, o apóstolo pôde
assegurar-nos de que seremos ouvidos. Estar em Cristo significa crer que Ele é o
Filho de Deus (1 Jo 4.15) e, por conseguinte, cumprir os seus mandamentos (1 Jo
3.24).
2. Dos que se achegam a Ele. O profeta Isaías já proclamava
da parte do Altíssimo: "Vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá" (Is
55.3). O mesmo fez o próprio Senhor Jesus: "vinde a mim" (Mt 11.28).
A Palavra de Deus nos encoraja a nos aproximarmos do trono do Senhor com
confiança, porquanto aquEle que prometeu é fiel para cumprir todas as suas
promessas (Hb 10.19-23).
3. Dos que amam o próximo. Quando amamos nossos irmãos,
intercedemos por eles. Deus abençoou ricamente o patriarca Jó, "quando
este orava por seus amigos" (Jo 42.10). Os apóstolos João, Paulo e Tiago
são unânimes ao afirmarem que os filhos de Deus devem orar uns pelos outros
(v.16; 1 Tm 2.1,8; Ef 6.18; Tg 5.16). Jesus é o nosso maior exemplo. Na cruz,
em meio a dor e ao sofrimento, o Filho de Deus encontrou forças físicas e
espirituais para interceder por seus algozes (Lc 23.34). Seu amor por eles
sobrepujou a aflição que sentia em seu corpo e a angústia de sua alma. Quantos
conseguem esquecer-se de seus próprios problemas para batalhar em favor dos
alheios? Quantos estão dispostos a abrir mão do seu "eu" para
investir um pouco do seu tempo orando pelos irmãos? Sigamos os passos de
Cristo, pois é isso que se espera de um genuíno discípulo.Deus ouve as orações
dos que estão em Cristo, se achegam a Ele e amam ao próximo.
III. O CRENTE E O NOVO
NASCIMENTO
Os filhos de Deus
não são dominados pelo pecado (Rm 6.14); quando pecam, o fazem acidentalmente e
não por hábito (1 Jo 3.9,10). O pecado na vida do crente é um triste e
lamentável episódio que pode e deve ser evitado por meio da vigilância, da
oração, da sujeição a Deus e da resistência ao Diabo (Mc 9.29; 1 Pe 4.7; Tg
4.7).
1. Vida santa. Os filhos de Deus devem buscar
a santificação, que, segundo as Escrituras, é decorrente de uma nova natureza:
"Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito,
para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam
multiplicadas" (1 Pe 1.2). O crente foi resgatado para uma vida santa (1
Co 6.19,20). Jesus não veio apenas livrar o homem do Inferno; mas torná-lo
santo (Tt 2.14). O objetivo de Deus é que o crente participe da "herança
dos santos na luz" (Cl 1.12). Segundo a Palavra de Deus, é mentiroso
aquele que afirma ter comunhão com Deus e não muda o seu modo de viver (1 Jo
1.5; 2.4), porque o salvo deve ser luz no meio de um mundo perverso (Fp 2.15).
2. "Guardar-se dos ídolos". João conclui
sua epístola alertando os crentes dos perigos dos ídolos: "Filhinhos,
guardai-vos dos ídolos" (v.21). Vale ressaltar que ídolo é tudo aquilo
que, em nosso coração, tira o lugar do Único e Verdadeiro Deus. A idolatria é
obra da carne (Gl 5.20) e, portanto, uma prática abominável diante do Todo-Poderoso
(Dt 7.25). Os apóstolos, em suas diversas epístolas, condenaram de modo
veemente o envolvimento dos cristãos com a idolatria (1 Co 10.14; 1 Pe 4.3).
Estejamos alertas! Somente Cristo deve reinar em nossos corações.Os nascidos de
novo demonstram uma vida santa e guardam-se dos ídolos.
Mediante a fé em
Cristo, nos tornamos filhos de Deus. Agora, o pecado não tem mais domínio sobre
nós e, consequentemente, podemos viver uma vida santa e entrar na presença de
Deus com plena confiança de que seremos ouvidos. Não existe maior privilégio do
que este: tornar-se filho de Deus. Você é filho do Altíssimo! Portanto, viva de
modo que O agrade.
"10.5.1. Graça de Deus e responsabilidade do crente.A
Bíblia ensina que a preservação depende tanto do poder de Deus como da atitude
do crente permanecer em Jesus! Vejamos que tanto o Senhor Jesus Cristo como os
apóstolos falaram sobre este assunto.
É necessário ter um
equilíbrio bíblico na doutrina da preservação.
Se houver ênfase
somente no poder de Deus como a força que guarda o crente, omitindo a própria
responsabilidade pessoal de guardar-se do mal, abre-se a porta para uma vida
espiritual de descuido. Se, por outro lado, houver ênfase somente no esforço do
crente de guardar-se, omitindo-se a gloriosa manifestação do poder de Deus como
o principal fator da proteção, abre-se caminho para um verdadeiro fracasso
espiritual. A Bíblia fala e a experiência confirma: 'Não por força, nem por
violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos' (Zc 4.6). O
caminho certo para preservar o crente na salvação é mediante a fé, guardada na
virtude de Deus para a salvação já a se revelar no último tempo (cf. 1 Pe 1.5).
Assim chegaremos lá!
(BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. RJ: CPAD,
2004, pp.243-245).
"A
doutrina da segurança não é uma desculpa para o pecado, e sim um encorajamento
para não pecarmos. O fato de eu saber que sou casado e que tenho documentos
para provar isso ajuda-me a não me sentir tentado a me envolver em outro
relacionamento. Eu e minha esposa estamos seguros do amor que sentimos um pelo
outro. Quando imagino a inestimável graça que Deus derramou sobre mim, desejo
me acercar ainda mais dEle, e compartilhar mais ainda o seu amor.
Saber
que Ele orou por nós quando estava aqui na terra e que ainda ora por nós, na
glória, deve nos fortalecer em nossa luta. Tudo o que Deus é, e tudo o que
Cristo fez e ainda está fazendo, combinam-se para produzir em nossos corações o
tipo de segurança que conduz a um viver santo".(WARREN.
W. W. A oração intercessória de
Jesus. RJ: CPAD, p.145).